BRASÍLIA - O Ministério da Saúde ainda pretende doar exames RT-PCR prestes a vencer para hospitais filantrópicos brasileiros. Mas diante da oferta da equipe do general Eduardo Pazuello, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) alertou as entidades sobre o risco de os estoques terminarem no lixo.
“São testes com prazo de validade até abril de 2021”, destacou ofício da confederação obtido pela reportagem. “Dessa forma, recomendamos às instituições que pleitearem a doação dos mesmos que o façam com responsabilidade, para que não passemos a concentrar em nós e nas nossas instituições a responsabilidade pelo vencimento dos testes.”
Em nota, a CMB confirma que muitos hospitais devem rejeitar a proposta. “Os testes são necessários e bem-vindos, mas infelizmente nem todos os hospitais possuem equipamentos compatíveis para atender as especificações técnicas de análise do material coletado e leitura dos resultados do teste PCR.”
A revelação de que o ministério estocava exames prestes a vencer, em plena pandemia, causou desgaste ao ministro Eduardo Pazuello. O caso é esquadrinhado por órgãos de controle e o ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta irregularidades “preocupantes”. Outros ministros do TCU também criticaram a pasta.
Em novembro, Bruno Dantas disse que o caso é “crime de lesa-pátria”. “Trata-se de menosprezo com a saúde da população.” Como revelou o Estadão, a área técnica já alertava a gestão Pazuello desde maio de 2020 sobre o risco de os exames perderem a validade. E, quase um ano após a pandemia chegar ao Brasil, o Ministério da Saúde ainda negocia a compra de reagentes de extração de RNA.
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