Idosos usam menos emojis por falta de confiança, mostra estudo; entenda implicações na rotina

Não recorrer a ferramentas populares como essa pode gerar a chamada exclusão digital, aumentando a sensação de isolamento

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Por Lara Castelo

Ao contrário do que muitos podem pensar, as pessoas com mais idade não deixam de usar emojis por desinteresse ou falta de capacidade, mas, sim, por falta de confiança e conhecimentos tecnológicos gerais. É o que indica novo estudo feito pela Universidade de Ottawa, no Canadá, e publicado em março de 2024 na revista científica Computers in Human Behavior Reports.

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A pesquisa partiu da constatação de que os emojis são ferramentas importantes de comunicação não verbal, uma vez que auxiliam a expressar sentimentos, dar tom às conversas, fornecer contexto e deixar a mensagem mais clara. Segundo levantamento citado pelo estudo, 700 milhões de emojis são usados todos os dias no Facebook e metade dos comentários feitos no Instagram incluem essa ferramenta.

Por isso, não recorrer a ferramentas digitais como essa pode gerar exclusão e aumentar a sensação de isolamento.

Idosos não têm confiança para usar emojis durante interações online, o que pode contribuir para uma sensação de isolamento.  Foto: Home-stock/Adobe Stock

Para entender como o uso de emojis varia de acordo com a faixa etária, os pesquisadores realizaram um levantamento com 240 adultos de 18 a 80 anos. Nele, os participantes foram questionados sobre diversos aspectos do uso que fazem de emojis, incluindo variedade, frequência e facilidade de interpretação.

A análise mostrou que, de forma geral, os usuários mais velhos usam menos emojis e se sentem menos confiantes na sua habilidade de aplicá-los nos meios digitais. Para esse grupo, o emoji que representa surpresa (um rostinho amarelo com olhos muito abertos e sobrancelhas levantadas) foi considerado o de mais difícil interpretação.

Para a pesquisadora Isabelle Boutet, que conduziu o estudo, é importante promover o uso de emojis por adultos mais velhos porque essa ferramenta pode facilitar as relações intergeracionais, reduzir a solidão e ajudar os usuários de todas as idades a atingir seus objetivos sociais e emocionais.

O geriatra Luiz Antônio Gil Júnior, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, vai na mesma direção. Para ele, a inclusão digital dos idosos é uma questão fundamental, afinal, grande parte das interações sociais hoje acontece através desses meios.

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Nesse sentido, o especialista destaca que o uso de tecnologias pode ajudar os idosos a interagir mais com amigos e familiares e, consequentemente, reduzir a impressão de solidão. Ele pontua, contudo, que se trata apenas de uma das diversas estratégias que existem para esse fim – os idosos também podem apostar em atividades recreativas e voluntariado, por exemplo.

Além disso, o geriatra destaca que estar conectado atualmente significa maior independência, já que possibilita maior acesso a serviços e recursos disponíveis. “A partir da internet, é possível marcar consultas, fazer compras, aprender novas coisas e até praticar exercícios de estimulação cognitiva”, exemplifica.

Por isso, segundo Gil Júnior, os jovens devem agir de forma empática para ajudar a incluir os mais velhos nesse meio. “Auxiliem e estimulem a confiança dos idosos nas suas interações digitais”, orienta.

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