Maranhão vai aplicar 'lockdown' em quatro municípios da região metropolitana de São Luís

Ação do Ministério Público terá duração de dez dias a partir da próxima terça, 5; governador afirma que vai acatar a decisão judicial

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Por Davi Max
Atualização:

SÃO LUÍS - O aumento de óbitos por covid-19 instaurou o colapso na saúde pública do Maranhão. Diante desse cenário, a Justiça do Estado determinou, na última quinta-feira, que o governo estadual aplique o lockdown (bloqueio total) em quatro municípios da Região Metropolitana de São Luís (São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa), com duração de dez dias, a entrar em vigor, na próxima terça, 5. 

Famílias em situação de vulnerabilidade recebem cestas de alimentos no Maranhão Foto: Jefferson Stader/Governo MA

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A ação é originária do Ministério Público do Maranhão (MPMA) e foi estabelecida pelo juiz Douglas de Melo Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos do Maranhão. O magistrado, em entrevista ao Estado, justificou a determinação. “O que me levou a tomar a decisão foi uma informação formal que chegou ao Poder Judiciário deque a rede particular de saúde está superlotada, assim como a rede pública. Então a única medida eficaz para amenizar essa situação é o lockdown”, pontuou. 

Questionado de como será a fiscalização e o controle, o juiz foi categórico. “A fiscalização e punição será aplicada por meio dos órgãos do estado e município da Grande Ilha; além de penalidades em forma de multas para aqueles que descumprirem a decisão. A intenção não é prender as pessoas, pois não queremos banalizar o instituto da prisão e do sistema penal. As pessoas precisam entender que cumprir as regras de isolamento social é a solução adequada no momento”, acrescentou.

A deliberação causou pânico e desespero na população ludovicense, que, após a medida judicial, correu para lotar supermercados e farmácias dos quatro municípios que compõem a Grande Ilha. No entanto, durante o período de lockdown, os serviços de supermercados, farmácias e delivery seguem funcionando. 

O lockdown proíbe os serviços não essenciais, como lojas de material de construção, lojas de tecido e armarinho, óticas etc. As indústrias ficam permitidas a continuar funcionando, desde que cumpram o regime de 24h em cada turno.

Estado acatará decisão

O governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou, em entrevista coletiva transmitida em suas redes sociais nesta sexta-feira, que dará cumprimento à decisão judicial da Vara de Interesses Difusos e Coletivos. Ele também anunciou a interrupção dos transportes de passageiros e veículos de passeio da capital maranhense, iniciando, no 5 de maio. Moradores poderão circular com veículos para acessar os serviços essenciais, como hospitais e mercados, mas com identificação.

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Flávio Dino garantiu que estão liberados apenas os caminhões que transportam produtos essenciais como alimentos, combustível, remédios e outros. Dino ainda lembrou que a decisão de proibir a entrada e saída também vale para o serviço de Ferry Boat, que sai com destino à Baixada Maranhense; além dos barcos de pequeno porte, que deslocam-se para a cidade turística de Alcântara.

Colapso na saúde

Desde o começo da pandemia da covid-19, o número de mortos causados por essa enfermidade tem elevado de forma acentuada no Estado. Atualmente, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 77,64% e de leitos clínicos em 58,40%, segundo a secretaria estadual de saúde. Na rede privada, a taxa de ocupação é de 100%

Mais de 3,5 mil pessoas estão infectadas e 204 óbitos já foram confirmados. 

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Com hospitais lotados, a população tem enfrentado dificuldade em conseguir leitos de UTI e enfermarias. Até o momento, o Estado não trabalha com a hipótese de filas por vaga em leitos. Também em coletiva, Flávio Dino anunciou que começa nesta sexta-feira, 1º, a construção do Hospital de Campanha contra a covid-19, na capital. Ele terá a capacidades de 200 leitos, entre clínicos e UTIs. Os recursos serão em parceria com o Governo Federal através do Ministério da Saúde e tem previsão de 20 dias ou até menos para ficar pronto. Com as medidas e a entrega do hospital de campanha, o estado acredita que a situação terá melhora.

O colapso é a realidade da saúde pública do estado e também afeta diretamente os profissionais que estão na linha de frente nos hospitais. Segundo relatos de funcionários da saúde que preferem não se identificar e trabalham no dia a dia das Upas (Unidade de Pronto Atendimento), da capital ludovicense, o cansaço e a falta de materiais para os profissionais da saúde têm causado medo na categoria. 

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