PUBLICIDADE

Como tratar a dor nas costas? Veja indicações da OMS sobre o problema

Entidade alerta que dor lombar não pode ser ignorada, já que é a principal causa de incapacidade no mundo; guia aponta opções de tratamentos não cirúrgicos

Foto do author Victória  Ribeiro
Por Victória Ribeiro

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 619 milhões de pessoas foram diagnosticadas com dor lombar crônica em 2020, um salto de 60% em comparação com 1990. Em resposta ao número crescente, a OMS divulgou recentemente suas primeiras diretrizes sobre o tratamento da lombalgia, destacando intervenções que os profissionais de saúde podem opcionalmente utilizar para minimizar o problema.

“Para alcançar a cobertura universal de saúde, a questão da dor lombar não pode ser ignorada, pois é a principal causa de incapacidade a nível mundial”, destacou o diretor-geral adjunto da OMS, Bruce Aylward.

Dor lombar crônica é uma das principais causas de incapacidade no mundo. Foto: Prostock-studio/Adobe Stock

Como parte das orientações, a OMS recomenda “intervenções não cirúrgicas, holísticas, não estigmatizantes e não discriminatórias” para ajudar as pessoas que sofrem de dor crônica na lombar. A condição é caracterizada pela persistência da dor na parte inferior da coluna por mais de três meses. As intervenções incluem:

  • Programas educativos que apoiam conhecimentos e estratégias de autocuidado;
  • Programas de exercícios;
  • Terapias físicas, como terapia manipulativa espinhal e massagem;
  • Terapias psicológicas, tais como terapia cognitivo-comportamental;
  • Uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteróides

PUBLICIDADE

De acordo com a entidade internacional, os cuidados devem ser adaptados para contemplar uma combinação de fatores, sejam físicos, psicológicos e/ou sociais, que podem influenciar no desenvolvimento e na evolução da lombalgia.

“Cuidar da dor lombar crônica requer uma abordagem integrada e centrada na pessoa. Isso significa considerar a situação única de cada um e os fatores que podem influenciar a sua experiência de dor”, afirmou o diretor da OMS para Saúde Materna, do Recém-Nascido e do Envelhecimento, Anshu Banerjee.

Além disso, a OMS enfatizou intervenções que não não devem ser oferecidas de forma rotineira, pois, segundo avaliação da entidade, as evidências disponíveis sugerem que os potenciais danos provavelmente superam os benefícios:

Publicidade

  • Aparelhos lombares, cintos e/ou suportes;
  • Algumas terapias físicas, como tração (ou seja, puxar uma parte do corpo);
  • Uso de medicamentos como analgésicos opioides, que podem estar associados à overdose e dependência

Segundo o coordenador do Grupo Médico Assistencial de Coluna do Hospital Israelita Albert Einstein, Alberto Gotfryd, as diretrizes têm o objetivo de padronizar atividades que contribuem para a melhora da dor crônica na região lombar, apesar de não serem exigidas. Na opinião do médico, um dos pontos de destaque das diretrizes anunciadas pela OMS é a recomendação sobre o cuidado com tratamentos e medicamentos fortes que são pouco efetivos e criam até dependência quando mal prescritos.

“Hoje em dia, há uma série de tratamentos que não possuem eficácia comprovada sendo indicados e utilizados, o que pode comprometer ainda mais a saúde do indivíduo”, diz o especialista.

Gotfryd destaca que um dos maiores desafios da dor lombar crônica é sua natureza multifatorial, ou seja, não há uma única causa para o seu surgimento.

PUBLICIDADE

Entre os possíveis fatores de risco, ele menciona comportamentos e hábitos de vida, como sedentarismo e posturas corporais viciosas, como permanecer sentado por longos períodos sem intervalos. Além disso, a condição pode estar relacionada à fraqueza muscular, alterações de humor – como ansiedade e depressão –, carregamento inadequado de peso e presença de doenças associadas.

“Esses indivíduos representam um custo significativo para o sistema de saúde, já que buscam frequentemente assistência médica por causa das dores e realizam exames que, muitas vezes, não revelam problemas inicialmente. Portanto, o principal desafio é compreender as causas, ou as várias causas do problema, a fim de propor estratégias que sejam eficazes e custo-efetivas para essa população e para o sistema de saúde”, afirmou Gotfryd.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.