Rubéola: Exame descarta surto da doença em crianças de Goiânia; saiba sintomas e como se prevenir

Além das crianças, os adolescentes e os adultos devem manter o esquema vacinal atualizado, conforme a quantidade de doses para cada faixa etária

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Por Renata Okumura
Atualização:

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, em Goiás, descartou os quatro casos de rubéola na cidade que estavam sob investigação desde terça-feira, 7. A secretaria disse nesta quinta-feira, 9, que recebeu os resultados dos exames das quatro crianças. O diagnóstico também foi negativo para sarampo e dengue. No entanto, a secretaria continuará acompanhando as crianças, embora já estejam liberadas para retornar para a escola.

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Entre os suspeitos estavam duas crianças (gêmeas) abaixo de 12 meses (não vacinadas por causa da pouca idade), uma criança de 8 meses (não vacinada pela mesma razão) e uma criança de 2 anos e 6 meses vacinada. Os estudantes de um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) apresentaram sintomas característicos da doença e foram isolados.

A rubéola, assim como o sarampo e a dengue, é uma doença exantemática, que faz parte do grupo de enfermidades que causam manchas na pele, principalmente em crianças.

Antes mesmo dos resultados, a secretaria afirmou ainda que a vigilância em saúde da SMS realizou o bloqueio vacinal contra rubéola na unidade de ensino e junto aos familiares dos estudantes. “As crianças foram isoladas. Também foi feito o bloqueio para combate ao mosquito da dengue”, disse, em nota.

Conforme a secretaria, 83% das crianças receberam a vacina tríplice viral em Goiânia. Em 2021 e no ano passado, não foi confirmado caso no município.

“A vacinação de rotina e as campanhas de multivacinação com doses extras aplicadas indiscriminadamente até para quem já recebeu duas doses ou não fizeram com que a gente dificilmente encontre um adulto menor de 50 anos suscetível ao sarampo e à rubéola. Mas, claro, quando falamos que tem um caso de rubéola na Bolívia, por exemplo, como aconteceu no ano passado, isso acende um alerta, pois quando há um caso, já tem a circulação do vírus”, afirma Renato Kfouri, pediatra, infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Para diminuir a circulação do vírus da rubéola, a vacinação é essencial.  Foto: Gabriela Biló/Estadão

O que á e a rubéola?

Segundo o Ministério da Saúde, a rubéola é uma doença aguda, de alta contagiosidade, transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus, da família Togaviridae.

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No campo das doenças infecto-contagiosas, a importância epidemiológica da rubéola está representada pela ocorrência da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) que atinge o feto ou o recém-nascido, cujas mães se infectaram durante a gestação, de acordo com a pasta.

“A infecção por rubéola na gravidez acarreta inúmeras complicações para a mãe, como aborto e natimorto (feto expulso morto) e para os recém-nascidos, como malformações congênitas (surdez, malformações cardíacas, lesões oculares e outras)”, afirma o ministério.

Sintomas da doença

- Febre baixa.

- Surgimento de gânglios linfáticos.

- Aparecimento de manchas rosadas - que se espalham primeiro pelo rosto e depois pelo resto do corpo.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a rubéola é comumente confundida com outras doenças, pois sintomas como dores de garganta e de cabeça são comuns a outras infecções, dificultando seu diagnóstico. Desta forma, exames realizados auxiliam na confirmação do diagnóstico.

“A rubéola é particularmente perigosa na forma congênita. Neste caso, pode deixar sequelas irreversíveis no feto como: glaucoma, catarata, malformação cardíaca, retardo no crescimento e surdez”, disse a Fiocruz.

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Transmissão

O período de incubação médio do vírus, ou seja, tempo em que os primeiros sinais levam para se manifestar desde a infecção, varia em torno de duas semanas. Geralmente, a transmissão acontece de uma pessoa a outra pela emissão de gotículas das secreções respiratórias das pessoas doentes.

Diagnóstico

Por meio de análises clínicas, epidemiológicas e laboratoriais que confirmam ou descartam os casos.

Segundo o Ministério da Saúde, há muitas doenças com sinais parecidos com a rubéola. As mais importantes são:

  • Sarampo
  • Exantema Súbito (Roséola Infantum)
  • Dengue
  • Enteroviroses
  • Eritema Infeccioso (Parvovírus B19)

Tratamento

Não existe tratamento específico para a rubéola. Os sintomas apresentados devem ser tratados de acordo com os sintomas, como no caso de febre.

Prevenção

Para diminuir a circulação do vírus da rubéola, a vacinação é essencial.

“Filhos de mães imunes geralmente permanecem protegidos por anticorpos maternos em torno de seis a nove meses após o nascimento”, disse a Fiocruz.

Ainda de acordo com Maria Cecília Hyppolito, médica com especialização em pediatra e neonatologia da clínica médica MCC Hyppolito, quando a mãe está vacinada, ela passa anticorpos maternos para os bebês que ficam protegidos contra doenças que ela teve ou contra as quais ela foi vacinada.

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“Os anticorpos maternos também protegem com mais segurança até os seis meses. Eles vão diminuindo no primeiro ano de vida do bebê. A partir daí, não é possível saber o quanto a criança tem de anticorpos maternos. Por isso, a vacinação e a amamentação são importantes”, afirma ela.

“Na gravidez, por exemplo, a mulher deve tomar a vacina contra a difteria, tétano e coqueluche. Já a imunização contra o sarampo e a rubéola, como é feita com vírus vivo, deve ser realizada antes da gravidez. Por isso, adolescentes são vacinados contra o sarampo. Para já estarem protegidos na vida adulta”, afirma Maria Cecília.

Conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI), para a vacinação infantil são aplicadas as seguintes doses:

- Aplicação aos 12 meses de idade da tríplice viral (SCR) para sarampo, caxumba e rubéola.

- Aplicação aos 15 meses de idade da tetra viral (SCR-V) para sarampo, caxumba, rubéola e varicela.

Conforme o Ministério da Saúde, uma segunda dose da tríplice viral (SCR) deve ser aplicada na faixa etária de 4 a 6 anos de idade.

Todas as crianças, adolescentes e adultos que ainda não tomaram a vacina também precisam ser imunizados, conforme a quantidade de doses recomendada para cada faixa etária.

Na rede pública, a imunização está disponível para a faixa etária de 12 a 49 anos para as mulheres e de 12 a 39 anos para os homens.

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É importante lembrar que as gestantes não podem receber a vacina. Além disso, as mulheres em idade fértil devem evitar a gestação por 30 dias após a imunização.

Em situação de viagem para o exterior, o viajante deve receber pelo menos uma dose da vacina contra a rubéola, segundo o Ministério da Saúde.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em situação de risco para o sarampo - surtos ou exposição domiciliar, por exemplo - a primeira dose pode ser aplicada a partir dos 6 meses de idade. Essa dose, porém, não conta para o esquema de rotina.

“Em época de surto de alguma doença, como tivemos de sarampo, por exemplo, é importante dar uma dose extra também para crianças de seis meses, que têm contato com outras crianças ou pessoas que podem deixá-las expostas à doença. É uma forma de prevenção para tentar bloquear a doença, embora não seja possível saber como ela irá evoluir”, afirma a pediatra Maria Cecília.

A aplicação, nestes casos, é feita na rede pública, assim como nos laboratórios particulares, onde o valor varia entre R$ 100 e 150. Esta imunização, no entanto, não substitui as doses que devem ser tomadas aos 12 e 15 meses.

No caso de menores de 6 meses, os pais devem evitar locais com aglomeração, manter a higienização adequada e procurar um serviço de saúde ao notar sintomas da doença.

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