Transtorno bipolar: Entenda o problema que levou o cantor Lucas Lucco a fazer pausa na carreira

Artista disse ter tido inúmeras crises bipolares no último mês e, por isso, pretende se dedicar mais à sua saúde mental no momento; transtorno afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo

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Por Giovanna Castro
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O cantor Lucas Lucco anunciou nesta quinta-feira, 7, que decidiu fazer uma pausa na carreira para cuidar da saúde mental após sofrer “inúmeras crises” desde o começo de novembro. Ele tem o diagnóstico de transtorno afetivo bipolar (TAB). Você sabe o que é isso?

Cantor Lucas Lucco em pré-estreia do filme "Rodeio Rock", no Shopping Pátio Paulista, em outubro deste ano. No dia 7 de dezembro, ele anunciou uma pausa em sua carreira para cuidar da sua saúde mental. Ele sofre de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). Foto: Denise Andrade/Estadão

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De acordo com a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e a predisposição genética é um fator de risco importante para o seu desenvolvimento. Histórico familiar de depressão, alcoolismo, transtornos de ansiedade, uso de drogas ou da própria bipolaridade, principalmente quando apresentada por ambos os genitores (pai e mãe biológicos), são fatores de risco.

Os sintomas aparecem quase sempre antes dos 30 anos, principalmente entre 18 e 25 anos de idade, segundo o Ministério da Saúde. São, principalmente, oscilações de humor. A pessoa alterna entre quadros de depressão e de mania, também chamado de euforia. Nesse segundo, é comum ter pensamentos acelerados, explosão de energia, desinibição, compulsividade e comportamentos inconsequentes e exagerados em geral, muitas vezes marcados por agressividade.

As crises podem durar alguns dias, até meses. Em alguns casos, pode haver também crises mistas, deixando a pessoa confusa e instável sobre o que sente e como age. Outras celebridades, como Selena Gomez, também já revelaram viver com o transtorno e relataram as dificuldades que ele gera nas relações com família, equipe de trabalho, amigos e companheiros afetivos.

Diagnóstico e tratamento

Para manejar a bipolaridade, é preciso tratá-la com medicamentos que controlam as crises e evitam as oscilações de humor. Porém, pelas próprias características da bipolaridade, o médico psiquiatra Henrique Bottura, que falou ao Estadão sobre o assunto em dezembro de 2022, ressalta que é importante ter um diagnóstico correto da doença – o que nem sempre é simples.

“Se o paciente procura o psiquiatra em uma fase depressiva, ele pode ser diagnosticado de forma errada com depressão”, diz Bottura, que é diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista. O perigo disso é que medicamentos antidepressivos podem precipitar novas crises maníacas.

“Por isso, a gente tem que tomar muito cuidado na hora de ajustar a medicação do paciente e evitar receitar dosagens altas de antidepressivos sem um diagnóstico preciso”, afirma o especialista.

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Outro fator que dificulta o diagnóstico de pessoas com bipolaridade é que, durante a fase maníaca, elas tendem a achar que não precisam de ajuda, que são autossuficientes. “É uma doença difícil de se aceitar”, diz o psiquiatra.

O tratamento para a bipolaridade funciona a partir de medicamentos estabilizadores de humor que só podem ser prescritos por um médico. É fundamental a avaliação individual para a escolha do tratamento.

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