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Garimpeiros começam a se dispersar antes de serem alvos de ação policial na Amazônia

Rio Madeira teve 'invasão' de balsas; grupo falava em montar um 'paredão' para resistir à chegada de agentes do Ibama e da PF

Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – A demora das autoridades federais em reagir ao movimento de balsas de garimpeiros no Rio Madeira, na Amazônia, resultou na dispersão de grande parte das centenas de embarcações clandestinas que ficaram paradas há cerca de uma semana na região de Autazes (AM). Como revelou o Estadão, o grupo se concentra na região onde teria sido encontrada uma grande quantidade de ouro.

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Informações obtidas pelo Estadão apontam que a maior parte das balsas já deixou o local. Trocas de mensagens entre os garimpeiros sinalizam que parte deles já está subindo o Rio Madeira, sentido Humaitá, na fronteira do Amazonas com Rondônia. A região é conhecida pela aglomeração dessas embarcações. Muitos garimpeiros deixaram Autazes e já estão próximos do município de Nova Olinda do Norte (AM).

Desde a terça-feira, 23, reportagem feita pelo Estadão já trazia detalhes sobre a aglomeração de centenas de balsas, todas elas atuando em situação irregular, na extração de ouro do Rio Madeira. Na quarta-feira, os garimpeiros já trocavam mensagens entre si, a respeito de reações caso houvesse algum tipo de ação repreensiva por parte dos órgãos policiais e de repreensão.

Garimpeiros ilegais se reuniram em uma corrida do ouro no Rio Madeira, em Autazes (AM); depois de alguns dias na região, balsas começam a se dispersar antes de ação policial Foto: Bruno Kelly/Reuters - 23/11/2021

Em mensagens de áudio divulgadas pelo Estadão, os garimpeiros falaram na possibilidade de montar um “paredão” de balsas para reter a ação policial, chegaram a falar em tocaias na floresta e em “mandar bala” nos agentes.

O Ministério da Justiça mobilizou a Polícia Federal, além das Forças Armadas e agentes do Ibama para realizarem uma ação na região. Até o momento, porém, nada ocorreu efetivamente. Informados sobre a mobilização, os garimpeiros também avaliavam a alternativa de deixarem o local.

Balsas de garimpeiros ilegais deixam Rio Madeira em direção a Humaitá, na fronteira do Amazonas com Rondônia; grupo se manteve durante uma semana no rio em busca de ouro Foto: Calebe Adrião - 26/11/2021

Como seus equipamentos são irregulares, eles sabem que não há outra opção em casos de abordagem policial: tudo tem que se apreendido ou destruído no próprio local.

As autoridades federais não deram detalhes sobre seus planos na região, mas o que se articulava vinha sendo chamado internamente, pelos membros do governo, de uma “operação de guerra”, com bloqueio de passagens pelo Rio Madeira e por estradas que chegam à região onde estavam as embarcações.

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Agentes ouvidos pela reportagem acreditam que a situação pode, de certa forma, facilitar a abordagem policial, porque evita conflitos com grande aglomeração. Além disso, as balsas se movem lentamente.

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