Cerca de 40 pessoas participaram da iniciativa que começou às 10 horas da manhã e terminou no inicio da tarde. E havia muitas crianças, muito felizes com a experiência inusitada de ter contato com as plantas em pleno "coração" da selva de pedra. Uma das mais animadas era Laura Alberti, de 7 anos, que antes da experiência já tinha plantado "salada" em sua escola.
"Foi um público flutuante, as pessoas passavam, perguntavam sobre a ação e começavam a mexer na terra. Isso para nós, essa aproximação das pessoas, é o mais importante para nós que organizamos", disse o jornalista Fernando Gazzaneo, integrante do coletivo. Muitos moradores do Edifício Louvre, em frente ao canteiro, olhavam a movimentação de suas sacadas e desciam para ajudar o grupo. O Louvre faz parte da história de São Paulo, projetado pelo construtor Artacho Jurado na década de 1950 e tombado em 1992 pelo Conspresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio).
As mudas foram cedidas pelo Viveiro Manequinho Lopes, em uma parceria do grupo com a Subprefeitura da Sé. Foi feito um pedido de 900 mudas, mas conseguimos só trezentas, entre marantas, agapanthus, singônios e dracenas. " Gostaríamos de ter também grama amendoim, mas não estava disponível nos estoques do viveiro. Optamos por plantas de sombras que se adaptam melhor as condições do ambiente da avenida", disse Gazzaneo.
A primeira ação do grupo na Avenida foi em abril do ano passado. Na ocasião foram plantadas 1200 mudas em um projeto paisagístico feito pelo GREEN SP em parceria com moradores da área. Nesse domingo foi feito o replantio do canteiro bem em frente ao prédio, pois algumas plantas sofreram pisoteamento dos foliões dos blocos de rua que passaram durante o carnaval.
Antes de fazerem otrabalho no centro da cidade o grupo começou de forma bem espontânea, melhorando o paisagismo da Praça Cornélia, na Vila Romana. Gazzaneo lembra dando risada que o coletivo, sem dinheiro para comprar as plantas necessárias para o plantio, percebeu que muita coisa era descartada em caçambas, principalmente as próximas de cemitérios. "É impressionante a quantidade de flores que todos os dias os dias são descartadas dos cemitérios da cidade. E a gente precisando de planta, sem condições de pagar, e ainda sem as parcerias com a Prefeitura, não tivemos dúvidas. Resgatamos muita coisa que seria jogada nos aterros sanitários".
Piquenique
E o plantio desse ano contou com comes e bebes no final do trabalho. Um piquenique, organizado todo último domingo do mês pela Associação Viva o Centro, reuniu uma turma animada vinda de diversas frentes: os voluntários "famintos", os frequentadores da caminhada noturna, passeio já clássico pelas ruas do "centrão", além dos moradores do Louvre e de outros prédios da São Luís.
Quem organiza o encontro desde dezembro do ano passado é a administradora Ana Maria de Freitas, moradora do Louvre há 18 anos. Ela considera um "antes e depois" na vida dos moradores da São Luís após o mutirão do Greensp realizado no ano passado. "Muita coisa mudou a partir disso. Hoje estou envolvida com muitos grupos e ações pela cidade. Conheci muitos vizinhos e fiz muitas amizades", diz Ana Maria. O piquenique geralmente acontece no meio da Praça Don José Gaspar, mas por conta da chuva, colocaram as mesas e cangas coloridas embaixo da marquise. Nada que tenha atrapalhado a empolgação dessas pessoas que estão zelando pelo verde e aumentando o convívio social nessa grande avenida do centro.