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O esplendor mouro resiste no sul da Espanha

É na região de Andaluzia, no sul do país, que persistem as marcas mais notáveis da presença dos muçulmanos. Sevilha, Córdoba e Granada conservam verdadeiros monumentos à arte moura, símbolos de sete séculos de domínio árabe em grande parte da Europa

Por Agencia Estado
Atualização:

A herança árabe está presente em quase toda a Espanha, da arquitetura à música e à gastronomia, mas é na região de Andaluzia, no sul, que persistem as marcas mais notáveis. Sevilha, Córdoba e Granada conservam verdadeiros monumentos à arte moura, símbolos de sete séculos de domínio árabe em grande parte da Europa. Sevilha, por exemplo, tem na Giralda, torre de sua monumental catedral, um exemplo clássico da influência árabe. O mesmo ocorre na mesquita de Córdoba, que, mesmo cedendo espaço para uma catedral católica, ainda exibe colunas e arcos que lembram Marrocos, Egito e Arábia Saudita. Granada exibe Alhambra, um dos autênticos tesouros da arquitetura. No vale do Rio Guadalquivir, entre montanhas áridas, surgem duas cidades fundamentais para a história da Espanha: Sevilha e Granada. Os romanos chegaram à região no século 2 antes de Cristo. Com a decadência de Roma, prevaleceu o período visigodo. O ano de 711 da Era Cristã, entretanto, mudou por completo o mundo hispânico: muçulmanos procedentes do norte da África invadiram a Península Ibéria e estabeleceram suas cidades, sua religião, seus costumes. A península ficou integrada às nações islâmica como sendo Al Andalus, emirado ligado a Damasco, tendo Córdoba como capital a partir de 716. No século 15, com a expulsão dos últimos mouros pelos reis católicos Fernando e Isabel e com a unificação da Espanha, a grande mesquita foi alterada: perdeu parte do espaço para que na mesma área surgisse uma catedral católica. Na atualidade, a torre elevada da catedral prevalece no lado externo. Dentro do antigo templo muçulmano, no entanto, há diferentes recintos de colunas e arcos que encantam os visitantes. Uma moderna rodovia e um trem rápido ligam Córdoba e Sevilha em menos de uma hora. Sevilha, além de conservar monumentos árabes, faz parte da história das grandes conquistas. Um túmulo do navegante Cristóvão Colombo aparece na Catedral sevilhana, edifício dominado pela fantástica torre Giralda. A polêmica, entretanto, persiste: existe outro túmulo de Colombo, do outro lado do Atlântico - na Catedral de São Domingos, na República Dominicana. Quando do 5.º Centenário da Descoberta da América, em 1992, pesquisadores tentaram acabar com as dúvidas, mas não conseguiram. Com isso, não se sabe qual das duas sepulturas conserva o verdadeiro corpo do genovês. Sevilha mantém três tendências diferentes: o antigo centro, onde palácios árabes convivem com ruas estreitas; a parte nova, de avenidas largas, e a parte novíssima, que surgiu a partir das festas do 5.º Centenário da América. Essas festas foram igualmente responsáveis pelo lançamento do Alta Velocidad Española (AVE), que perfaz os 500 quilômetros de Madri a Sevilha em pouco mais de duas horas. O trem foi inaugurado em 1992, como símbolo da evolução do transporte no país. Jerez de La Frontera, Cádiz, Málaga, Huelva, Algeciras e Aracena são também cidades interessantes da região. Aracena, na Serra de Huelva, é a terra do melhor presunto da Espanha, o jamón de bellota (obtido a partir da carne de porcos que se alimentam apenas com frutos do carvalho). Algeciras, no extremo sul, junto ao Penhasco de Gibraltar, é ponto de partida de barcos para a cidade marroquina de Tânger. Em uma hora, os ferry boats unem a Espanha ao Marrocos, porta de entrada dos países árabes da África.

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