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Os problemas de São Paulo em discussão

Pais cobram melhorias em áreas infantis do Parque da Aclimação

Espaços foram interditados há mais de um ano por contaminação causada por fezes de gatos que transitam pelas áreas; lazer ao ar livre depende de ações de zeladoria, fiscalização e conscientização

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Foto do author Renata Okumura

 Foto: Movimento Mães e Pais da Aclimação

SÃO PAULO - Brincar na areia e ao ar livre. Este é o pedido do Movimento Mães e Pais da Aclimação. Segundo a entidade, há mais de um ano, a falta de manutenção dos parquinhos de areia do Parque da Aclimação, no centro da capital paulista, impede o uso dessas áreas pelas crianças.

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A jornalista Paula Chrispiniano, de 47 anos, é mãe do Raul, de 8 anos, e do Vicente, de 3 anos. Ela lembra que em 2016 houve a suspensão dos contratos de vigilância e manejo e o abandono de animais explodiu. Por isso, os tanquinhos de areia começaram a apresentar fezes e urina de animais. "Eu comecei a notar esse cenário quando meu segundo filho tinha 2 anos. Foi aí que o problema começou e foi detectada a contaminação dos parquinhos pela prefeitura. Essa combinação entre a falta de manutenção fixa com a superpopulação de gatos", reforçou ela.

 Foto: Movimento Mães e Pais da Aclimação

No dia 20 de agosto de 2018, foi divulgado pela prefeitura um laudo técnico que atestou a possibilidade de transmissão de uma série de doenças como a Toxocaríase, a Síndrome de Larva Migrans Cutânea, a Ascaridíase e a Dermatofitose Cutânea. Segundo a administração municipal, o laudo foi necessário pelo 'grande número de gatos domésticos residentes que costumam acessar essas áreas para transitar e realizar suas necessidades fisiológicas'.

O estudo foi feito após solicitação do Conselho Gestor do Parque da Aclimação e, após o resultado que constatou a contaminação, as três áreas infantis do Parque da Aclimação foram interditadas em setembro de 2018.

Ainda de acordo com o Movimento Mães e Pais da Aclimação, em março deste ano, o recanto do Saci foi reaberto, mas sem as melhorias necessárias. Os pais também criticam a solução encontrada que é a retirada da areia e colocação de piso emborrachado nos parquinhos.

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"Desde o fechamento, os frequentadores, o Conselho Gestor e a Secretaria do Verde debatem soluções e havia chegado a um consenso: fazer a manutenção da marcenaria e pintura dos brinquedos, a limpeza dos tanques de areia com cobertura de lona durante a noite, afastar os bichos das áreas infantis e um projeto de controle e redução das colônias de gatos do parque. Esse projeto estava começando a ser implantado quando foi interrompido no carnaval. Um parquinho foi reaberto em condições precárias para 'acalmar' os frequentadores. Além disso, a administradora do parque, que era sensível as reivindicações das mães e pais, foi afastada. E o diálogo, interrompido. Criamos um abaixo-assinado pela reabertura adequada dos parquinhos, que conta hoje com quase 1,2 mil assinaturas de mães e pais do bairro. Uma reforma que 'emborracha' os parquinhos, retira os tanques de areia, não prevê manutenção alguma e não foca na redução do foco da contaminação", explicou Paula Chrispiniano.

 Foto: Movimento Mães e Pais da Aclimação

A arquiteta Cibele Alvares Gardin, de 47 anos, é mãe do Francisco, de 9 anos, e do Gabriel, de 2 anos. Eles sempre frequentaram o parquinho.

Para ela, as melhorias dependem de um trabalho diário de conscientização. "As ações de melhorias dos espaços públicos, a educação e o respeito ao patrimônio deveriam ser o tripé norteador da relação entre o poder público e a comunidade", disse.

Em reunião no dia 21 de maio, o Conselho Gestor deliberou, após repetidas manifestações por parte da prefeitura sobre sua incapacidade de garantir manutenção adequada do Parque da Aclimação, acionar o Ministério Público, para que se exija imediatas providências com relação ao patrimônio público, ao meio ambiente e à saúde pública.

O advogado Erikson Eloi Salomoni, de 40 anos, é pai do Guilherme, hoje com 20 anos, e do João César, de 2 anos e 6 meses.

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"Meu primeiro filho aproveitou o parquinho quando era criança. Já o pequeno João César só conseguiu brincar no local pouquíssimas vezes, pois logo veio a interdição. A revitalização e as melhorias dos parquinhos são necessárias para voltar a proporcionar às crianças, com segurança, o lazer ao ar livre, o contato com a natureza e a integração com outras famílias", ressaltou ele.

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Lista de reivindicações para que efetivamente os pais tenham um parquinho limpo e pensado para as crianças:

  • Reabertura dos parquinhos de forma adequada, ou seja, cumprindo alguns pré-requisitos a seguir, que não constam no projeto da Prefeitura;
  • Manter os tanques de areia no projeto de reforma dos Parquinhos (podendo ser cercados);
  • Plano urgente para a redução da população de animais abandonados do Parque, através de doação e/ou gatis fora do parque, com controle rígido e permanente dos resultados;
  • Criação de uma equipe fixa de manutenção que dê conta de todas as demandas do parque;
  • Que qualquer intervenção no Parque respeite o seu tombamento preservando a memória e o patrimônio histórico desse importante espaço público da cidade.

POSICIONAMENTO

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) informa que foram feitas análises da areia pela Divisão de Vigilância em Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde, a pedido da SVMA. Os laudos constataram a presença de parasitas, o que resultou na interdição de três espaços.

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Posteriormente, uma das áreas foi descontaminada e reaberta, para atender de forma parcial à demanda do público frequentador.

Também foram indicadas a troca dos brinquedos e a substituição da areia por material emborrachado, que é especificado para áreas de atividade infantil.

 Foto: Movimento Mães e Pais da Aclimação

Informações complementares

Historicamente, os parques infantis foram criados a partir de tanques de areia, com o objetivo de reduzir eventuais impactos após queda da criança de algum brinquedo. A solução oferecia uma excelente relação custo-benefício.

"Atualmente, a realidade dos parques públicos esbarra em um problema sócio-ambiental recorrente: os animais que frequentam os espaços, tanto em guias quanto soltos, que contaminam os tanques com fezes e urina. Cabe destacar que contaminação se dá pelos pets abandonados e também por aqueles trazidos pelos frequentadores, os quais frequentemente compartilham do espaço infantil sem que os donos os vigiem", destacou a nota.

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A secretaria reforça que estudou com o Conselho Gestor do Parque formas alternativas de manter a areia, inclusive cercando os espaços com tela para impedir o acesso dos animais, porém, "essa solução não foi aceita. Só então, a secretaria partiu para o projeto que prevê o novo piso emborrachado", completou o posicionamento.

Os pais, no entanto, contestam essa alternativa. Para eles, o correto é manter a areia no parquinho e investir na manutenção, fiscalização e conscientização.

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