Clodovil nega Holocausto e 11 de Setembro

Deputado eleito disse que o incidente com as Torres Gêmeas foi armado pelos próprios americanos, assim como o Holocausto foi armado por algum judeu

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Por Agencia Estado
Atualização:

Antes mesmo de tomar posse, o deputado federal eleito Clodovil Hernandez (PTC-SP) envolveu-se em mais uma polêmica. Depois de afirmar que participaria de barganhas políticas no Congresso, o estilista agora é acusado de racismo pela Federação Israelita do Rio de Janeiro, que entrou com uma interpelação judicial contra ele. Em entrevista à Rádio Tupi, na sexta-feira, Clodovil disse que os judeus manipularam o Holocausto e forjaram o atentado de 11 de setembro. Ele também se referiu a um negro como "crioulo cheio de complexo". O Estado tentou ouvi-lo, mas o estilista não retornou às ligações. O quarto deputado federal mais votado de São Paulo, eleito com 493.951 votos, disse à rádio carioca que existe um "poder escuso, que está no subsolo das coisas". "As pessoas são induzidas a acreditar. Quando houve aquele incidente com as torres gêmeas lá não tinha americano nenhum e nem judeu", afirmou ele. "Evidente que foi (armado) pelos próprios americanos, não seja idiota, é como o Holocausto, você acha que não tinha nenhum judeu manipulando isso por debaixo do pano?", afirmou Clodovil, apressando-se em completar: "Mas isso não significa que eu esteja falando mal de nada." "Mentalidade americana" Em outro trecho da entrevista, o deputado eleito critica o que classificou como "mentalidade americana". Ele elogiou a decisão da Polícia Federal de confiscar os passaportes dos pilotos do Legacy, aeronave norte-americana que está sendo investigada por envolvimento no acidente com o Boeing da Gol, que provocou a morte de 154 pessoas. "Pela primeira vez os americanos vão passar sufoco por causa desse aviãozinho. Cento e tantas pessoas morreram por um acidente que foi causado por essa pretensão que eles têm de invadir o mundo como se fossem o centro do universo", criticou o estilista. Por esse motivo, Clodovil disse não ter nenhum interesse em visitar os Estados Unidos. Contou que da última vez que visitou o país se sentiu ofendido ao ser abordado por um guarda negro: "Na última vez que tive lá tinha um crioulo, no sentido pejorativo mesmo, cheio de complexo por coisas dele, eu não tenho nada com isso, que implicou comigo na Alfândega." A afirmação contra os judeus e negros provocou a indignação do presidente da Federação Israelita do Rio, Osias Wurman. "Não acreditei que ele fosse tão preconceituoso, principalmente porque pertence a uma minoria que também sofre preconceito", afirmou. Além da interpelação judicial - "para que ele confirme ou desminta" - Wurman enviou cópias do áudio da entrevista para a Secretaria Estadual de Direitos Humanos, a deputados estaduais e a Organizações Não-Governamentais ligados ao movimento negro. Não é a primeira vez que Clodovil é acusado de racismo. Ele responde a dois processos criminais no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ambos tiveram como origem uma queixa-crime da vereadora Claudete Alves (PT-SP), que foi chamada por Clodovil de "macaca de tailleur metida à besta", no programa de A Casa é Sua, da Rede TV, em 2004.

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