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Golpistas alugam terrenos, jogam entulho e somem

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Por JULIANA DEODORO E TIAGO QUEIROZ

Imagine que você tem um terreno vazio para alugar em São Paulo. Por meio de uma imobiliária, um locatário com bons antecedentes é encontrado e, para não criar problemas, ele paga três meses de aluguel com antecedência. Passado esse tempo, você descobre que não só ele não pagou os impostos devidos como também encheu seu terreno de entulho. E o pior: desapareceu.Classificado como golpe pelas vítimas e pela polícia, o "bota-fora" tem se repetido pela cidade. E, ao contrário do que se pode imaginar, não se restringe a lugares ermos da periferia, mas vem sendo praticado também em locais próximos da região central. Dono de um lote na Barra Funda, zona oeste, o técnico em refrigeração Gerônimo César não acreditou quando descobriu a montanha de mais de quatro metros de altura de entulho em seu terreno."Foi coisa de um mês. Encheram o lote durante a noite e ninguém viu nada", conta. Com medo de receber multa da Prefeitura, César procurou a Polícia Civil para registrar o caso e tentar encontrar o responsável. Enquanto as investigações correm, ele já fez orçamento para a retirada do material. "Tudo indica que vai custar algo em torno de R$ 400 mil. Não sei o que fazer porque, enquanto o entulho estiver lá, o lote ficará parado. É um golpe que deixa você de mãos atadas."Segundo o delegado titular da Delegacia de Meio Ambiente, Oswaldo de Souza, muitas vezes o golpe é aplicado por empresas legalizadas, que em vez de descartarem entulho em aterros legalizados pela Prefeitura os levam a locais clandestinos. "Só com gasto de diesel e caminhão, economizam a metade do dinheiro."Grande parte das investigações começa por denúncias de vizinhos. Caso o golpista seja pego, a pena pode ser de reclusão de 1 a 5 anos. "Mas são casos complexos e difíceis de investigar porque eles fazem na calada da noite."?Cachorrada?Aos 87 anos e com um salário mínimo de aposentadoria, Ângela da Silva também foi vítima do golpe. E, além de ter o terreno entupido de entulho, ela foi multada em R$13 mil pela Prefeitura. "E ainda tem mais. Está gastando toda a aposentadoria para pagar o IPTU atrasado", conta sua filha, Aparecida Tognato.De acordo com Aparecida, como o terreno fica próximo a uma favela, havia urgência em alugá-lo. "A gente se sente desamparada. Você tem lei, advogado, paga seus impostos e ainda acontece isso. Foi uma cachorrada", diz a filha. Segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, ações de fiscalização ocorrem em toda a cidade com a finalidade de coibir todo tipo de descarte irregular de resíduos. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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