O governo não vai promover uma "caça às bruxas" em ministérios e órgãos federais, depois do afastamento de funcionários do setor de Transportes, motivado por denúncias de corrupção, afirmou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. O ministro disse ainda que não há necessidade de uma mudança geral no setor, desfalcado desde que denúncias de um suposto esquema de corrupção provocaram a saída da cúpula do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Valec e do ex-ministro Alfredo Nascimento. A maioria dos diretores e assessores afastados, assim como Nascimento, tinha ligação com o Partido da República (PR). O PR nega as acusações de irregularidades. "Não há por que fazer simplesmente uma mudança total", disse o ministro a jornalistas no Planalto. "Não haverá caça às bruxas, não haverá um processo de simplesmente trocar todo mundo, não é isso." Sobre o anúncio de novos nomes para o Dnit, com a saída de seis diretores desde o início da crise, Carvalho disse que a presidente analisa as alternativas com "muito cuidado" e deve privilegiar os perfis mais técnicos para os postos. DIÁLOGO "MADURO" Questionado sobre a instabilidade na relação com o PR, motivada pela saída de boa parte das indicações políticas do partido no setor, Carvalho afirmou que a legenda continua na base do governo e que cultiva um diálogo "maduro" com quadros da sigla. "Porque teve no seu seio pessoas que cometeram um erro, você não pode condenar todo o partido. Outros partidos, inclusive o da presidenta, já tiveram também problemas", afirmou. O ministro afastou ainda, ao ser questionado, a hipótese de que o PMDB seja o próximo alvo. "A presidente Dilma, até prova em contrário, confia nos seus ministros, nos seus assessores", afirmou. (Reportagem de Maria Carolina Marcello)