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Marzochi acusa Beira-Mar de causar epidemia de dengue

Por Agencia Estado
Atualização:

Acusado de assassinatos e de tráfico internacional de drogas, Fernandinho Beira-Mar agora é suspeito de ser o responsável pela vinda da Colômbia para o Rio de Janeiro do vírus tipo 3 da dengue. O 3 é o mais agressivo dos quatro tipos existentes da doença e foi o responsável pela epidemia que fez mais de 250 mil vítimas e 87 mortes no verão passado. A tese é do próprio subsecretário municipal de Saúde, Mauro Marzochi, e contestada por especialistas da doença. Segundo Marzochi, essa é a hipótese que melhor explica a chegada no novo tipo do vírus da dengue no Rio em 2000. Ele acredita que o vírus não foi sido introduzido no Estado por turistas convencionais porque eles costumam hospedar-se em áreas nobres da cidade do Rio, onde a concentração do mosquito Aedes aegypti - transmissor da dengue - é baixa. Teria sido mais fácil, então, segundo a teoria do subsecretário, o vírus ter conseguido se espalhar trazido por policiais ou traficantes contaminados. Como essas pessoas viajaram para a Colômbia várias vezes e circularam na Baixada Fluminense, onde se acredita que o vírus entrou pela primeira vez no Brasil, ele teria se beneficiado da grande quantidade de mosquitos da região. Por fim, segundo o subsecretário, há ainda a coincidência do período. Dados da Secretaria apontam que o tipo 3 chegou ao Rio pela primeira vez no fim de 2000, na mesma época em que integrantes da Polícia Federal e da polícia do Rio fizeram várias viagens até a Colômbia para capturar Beira-Mar. Para Marzochi, "é uma coincidência histórica?. ?É claro que não existem provas científicas, mas esta me parece a melhor explicação até hoje", disse. A teoria do subsecretário é rejeitada pelo entomologista da Fundação Oswaldo Cruz Anthony Guimarães. Segundo ele, a hipótese levantada por Marzochi ?não tem fundamento?. ?Mesmo que tivesse vindo da Colômbia, o vírus poderia ter sido trazido por qualquer um?, atacou. Guimarães afirma ainda que é muito provável que o tipo 3 tenha vindo da América Central e não da Colômbia. ?A cepa que identificamos aqui é muito semelhante às encontradas na América Central. Além disso, há informações que a Colômbia não tinha vírus tipo 3 em 2000. Essa forma só entrou lá no ano passado.? A Secretaria Municipal de Saúde de Campos confirmou mais um caso de dengue hemorrágica no município do norte fluminense. Camila da Cruz e Silva, de 21 anos, está internada em estado grave no Hospital Pró-Clínicas, de Campos. A jovem ficou com os membros inferiores paralisados. Este é o 4º caso da forma hemorrágica registrado na cidade desde novembro - as vítimas da forma clássica da doença somam 17. No verão passado, entre janeiro e maio, foram registrados 2.100 casos clássicos no município.

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