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Metade das vítimas de estupro que morrem tem menos de 19 anos

Ministério da Saúde aponta ainda que 6% das meninas menores de 13 anos que deram à luz em 2015 sofreram abuso sexual

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Asfotos retratam a angústia de mulheres vítimas de abuso Foto: Fábio Motta/Estadão

BRASÍLIA - Metade das mortes registradas entre vítimas de estupro acontece entre meninas menores de 19 anos. O dado integra levantamento feito pelo Ministério da Saúde sobre o impacto da violência contra mulheres em todo o Brasil, divulgado nesta quarta-feira, 8.  Além do expressivo número de óbitos, o estudo traz à tona outro reflexo relacionado ao problema: os altos índices de gravidez resultante de estupro, sobretudo na faixa etária mais jovem. Das meninas menores de 13 anos que deram à luz ano passado, pelo menos 6% foram violentadas. 

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“Esses são os números notificados”, afirmou a diretora de Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Maria de Fátima Marinho de Souza. “Há muitos casos de violência que não são registrados”, completou.

O trabalho indica 77.845 estupros notificados pelo sistema de saúde no período entre 2011 e 2015. Desse total, pelo menos 226 mulheres morreram – 117 menores de 19 anos. Os números podem ser ainda maiores, pois os dados de 2015 ainda são preliminares.  Na maioria dos casos, os crimes aconteceram dentro da casa da vítima, e três em dez registros tiveram como agressor o pai ou o padrasto.

Pelos dados coletados até o momento, foram registradas, no ano passado, 17.871 mortes no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), do ministério. O número, que ainda pode sofrer alteração, é 67% maior do que o registrado em 2011, quando a notificação de violência passou a ser compulsória em serviços de saúde público e privados. 

Física. O trabalho também analisou os atendimentos feitos a mulheres que sofreram violência física. Dados preliminares mostram que, somente no ano passado, foram 103.935 casos. Desse total, pelo menos 997 mulheres morreram, o equivalente a quase três óbitos diários.

A coordenadora-geral de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Proteção da Saúde, Marta Silva, afirmou que os dados refletem parte da realidade. Isso porque, embora o registro seja obrigatório, cerca de 40% dos municípios brasileiros não informam os atendimentos médicos feitos em pacientes vítimas de violência.

“Isso é apenas a ponta do iceberg”, alertou Marta. Para ela, é imprescindível que sistemas de proteção à mulher atuem de forma integrada. O papel dos serviços de saúde, ressaltou, é essencial. “Muitas vezes, o profissional identifica que a mulher é vítima constante de violência. É preciso registrar o caso, para que o ciclo não se perpetue e a violência não acabe resultando em morte.”

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