Mulher de PM morto protesta em missa em Santos-SP

Sargento foi executado com mais de dez tiros de fuzil, no início da madrugada do último dia 7

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Por Zuleide de Barros
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A Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no bairro Aparecida, em Santos (SP), nunca recebeu tantos visitantes como neste domingo, para assistir à missa de sétimo dia do sargento Marcelo Fukuhara, de 45 anos, executado com mais de dez tiros de fuzil, no início da madrugada do último dia 7, no momento em que passeava com seu cão, em frente ao bufê da esposa, na Rua Rei Alberto I, na Ponta da Praia. Além de amigos e familiares, policiais civis e militares, da Baixada Santista e da capital, fizeram questão de participar da missa, que também contou com forte aparato policial. Inúmeras viaturas policiais cercaram a paróquia, interditando meia pista da avenida Bartolomeu de Gusmão. Na entrada da igreja, a viúva Rosângela Gonçalves, bastante emocionada, cobrava a presença do governador Geraldo Alckmin e do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, ao ato ecumênico. "Quem matou meu marido foram eles e não os bandidos", acusou, negando que o sargento tivesse recebido proteção policial, antes de ser executado. Fukuhara era responsável pelo policiamento dos morros do São Bento, Nova Cintra e Monte Serrat, onde é crescente o tráfico de drogas. Um grupo de mulheres, lideradas por Rosana Almeida de Paula, fez questão de descer a serra, a fim de se solidarizar com a família do sargento morto. Rosana contou que seu marido é policial militar e está afastado do serviço desde março, quando foi alvejado por bandidos, na capital, quando retornava do trabalho. "A situação vem se repetindo com frequência, desde 2006, quando ocorreram os ataques do PCC, de modo que não temos mais sossego", afirmou. Portando camiseta com a foto do sargento estampada, inúmeros policiais civis e militares se manifestaram contra a violência. O vice-presidente do Sindicato dos Policiais da Baixada Santista, Márcio de Almeida Pino, disse que já previa a atual série de atentados contra os policiais. "Está havendo um descaso com a segurança pública, não só na região, mas em todo o Estado", revelou. Pino lembrou que na noite de sábado um policial civil foi alvejado com dois tiros, quando passeava com o neto, na frente da casa da ex-mulher. "Por sorte, dos dez tiros que desfecharam, apenas dois o acertaram e, felizmente, ele já está fora de perigo". Ele informou que está sendo organizada uma manifestação, de âmbito estadual, para a próxima terça-feira (16), na Praça da Sé, quando os policiais vão solicitar mais segurança. Durante a missa, o padre Toninho pediu para que todos os presentes dessem as mãos e reivindicassem a paz, não só na região, mas em todo o País.

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