No carnaval do Rio, Viradouro e Mangueira se destacam na 2ª noite de desfiles na Sapucaí

Escolas disputam o título com Imperatriz, destaque da primeira noite, e outras menos cotadas. Apuração acontece na quarta-feira de cinzas,

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Por Fabio Grellet
Atualização:

Na segunda noite de desfiles das escolas de samba do Rio, Unidos do Viradouro e Mangueira se destacaram no Sambódromo da Marquês de Sapucaí e se credenciaram na disputa pelo título. A competição tem também a Imperatriz Leopoldinense, principal destaque da primeira noite, e outras que empolgaram menos, mas também concorrem, como Grande Rio e Beija-Flor, no domingo, 11, e Mocidade Independente e Vila Isabel, na segunda-feira, 12.

A apuração será na tarde de quarta-feira de cinzas, 14, na Praça da Apoteose, como chama a parte final do sambódromo. As seis escolas melhor colocadas voltam a se exibir no desfile das Campeãs, na noite do próximo sábado, 17.

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a primeira escola a desfilar na Marquês de Sapucaí na segunda-feira, 12.  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Mocidade Independente de Padre Miguel

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A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a primeira escola a desfilar na segunda noite de exibições no sambódromo, a partir das 22h de segunda-feira.

A agremiação da zona oeste do Rio discorreu sobre o caju e usou o trunfo de ter o samba mais famoso desta temporada pra fazer o desfile mais animado até então, contando a ligação do fruta com a história do Brasil e outras curiosidades.

Se sobrou animação, o luxo de fantasias e alegorias não foi comparável ao apresentado na noite anterior pela Grande Rio e pela Imperatriz, por exemplo.

Por coincidência, o desfile ocorreu no dia do aniversário de Castor de Andrade (1926-1997), famoso contraventor que foi patrono da escola e, se estivesse vivo, completaria 98 anos. Atualmente o presidente de honra da escola é um sobrinho de Castor, Rogério de Andrade. Por ordem judicial, ele usa tornozeleira eletrônica e está proibido de sair de casa à noite: por isso não foi ao sambódromo.

A mulher de Rogério, Fabíola Andrade, é a rainha da bateria da Mocidade. Antes do desfile, ela distribuiu kits de calcinhas e sutiãs para a plateia do setor 1 do sambódromo.

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A Portela foi a segunda escola a desfilar na Marquês de Sapucaí na segunda-feira, 12. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Portela

A segunda agremiação a desfilar foi a Portela, que apresentou um enredo sobre o racismo. O samba não empolgou tanto como o da Mocidade, mas as alegorias eram mais luxuosas. A exibição da escola uniu técnica e emoção, mas houve problemas com o primeiro carro alegórico, que quebrou ainda na concentração e teve de ser consertado às pressas.

Desfilaram pela escola, entre outras personalidades, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e Marinete Silva, mãe de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em março de 2018.

A Vila Isabel foi a terceira escola a desfilar na Marquês de Sapucaí na segunda-feira, 12. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Unidos de Vila Isabel

A terceira agremiação a desfilar foi a Unidos de Vila Isabel, que reeditou o enredo de 1993, “Gbala - Viagem ao Templo da Criação”, baseada num conto religioso sobre a recriação do mundo pelas crianças.

O samba é de autoria de Martinho da Vila, que completou 86 anos exatamente nesta segunda-feira, 12, e ganhou “Parabéns a Você” executado pela bateria, antes do início do desfile. O cantor e compositor, presidente de honra da Vila Isabel, desfilou representando Oxalá, no 6º e último carro alegórico.

A escola fez um desfile técnico e correto, com carros alegóricos bonitos e fantasias fáceis de interpretar, mas faltaram as surpresas com que o carnavalesco Paulo Barros costuma brindar o público.

Barros passou mal após o desfile, na dispersão, mas recebeu atendimento médico e se recuperou. Outro que passou mal, mas ainda na concentração, foi o intérprete Tinga, que se recuperou e conseguiu cantar normalmente ao longo do desfile.

A Mangueira foi a quarta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí na segunda-feira, 12. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Mangueira

A Mangueira foi a quarta escola a se apresentar, homenageando a cantora Alcione, ilustre integrante da Verde e a Rosa e uma das fundadoras da Mangueira do Amanhã, versão mirim da agremiação. Ela desfilou no último carro alegórico, mas antes de se dirigir a ele, durante o “esquenta” na concentração, cantou à capela um trecho do samba-enredo. Não faltaram amigos famosos da cantora, como a também cantora Maria Bethânia, que desfilou sobre um tripé.

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O samba, que não era apontado como dos melhores do ano, funcionou muito e animou o desfile. Com fantasias e alegorias bem feitas e coloridas, a escola fez ótimo desfile, mas uma escultura que representava a própria Alcione no último carro alegórico quebrou, o que deve tirar décimos da escola no quesito “alegorias e adereços”.

Já na dispersão houve mais um problema com esse mesmo carro alegórico: enquanto era retirada pelo guindaste, uma mulher caiu do carro. Segundo integrantes da escola, ela foi socorrida e sofreu apenas escoriações.

A Paraíso do Tuiuti foi a quinta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí na segunda-feira, 12. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Paraíso do Tuiuti

A quinta escola a desfilar foi a Paraíso do Tuiuti, que retratou a Revolta da Chibata e homenageou o marinheiro João Cândido. Embora o tema tenha sido muito bem apresentado, foi um desfile morno, e a escola deve ficar fora do desfile das campeãs.

A Viradouro foi a última escola a desfilar na Marquês de Sapucaí nesta segunda-feira, 12.  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Viradouro

A Viradouro encerrou a segunda noite de desfiles das escolas de samba do Rio com o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre o vodun Dangbé, culto do candomblé Jeje representado pela serpente. A serpente surgia já na comissão de frente, muito aplaudida.

Atual vice-campeã, a escola fez um desfile de muito luxo e brilho e de fácil compreensão e vai disputar o título novamente. O samba não chegou a empolgar a plateia, mas os integrantes da escola cantaram a plenos pulmões. A exibição terminou às 5h55 desta terça-feira, aos gritos de “é campeã”.

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