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Pais pagariam mais para escola não fechar

Com poucos alunos em sala e projeto de inclusão, Michelangelo vai à falência

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O dia 9 de dezembro, uma sexta-feira, vai marcar as últimas aulas na escola particular de ensino fundamental Michelangelo, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. A notícia do fechamento da escola, dada na semana passada, surpreendeu os pais de alunos - muitos se prontificaram a pagar mensalidades mais caras para tentar salvar a instituição. A unidade tem uma pedagogia diferenciada, de poucos alunos em sala e com uma elogiada política de inclusão de alunos especiais.

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Estudam na escola atualmente 70 alunos, divididos pelas séries do ensino fundamental (1.º ao 9.º ano). Com uma proposta de ter no máximo 15 alunos por sala, a instituição tinha classes com menos de 10 - oferecendo um sonhado atendimento de atenção quase exclusiva aos estudantes. A inclusão de alunos especiais representa cerca de 40% do total, com deficiências ou distúrbios de diferentes níveis.

Depois de seis anos de funcionamento, a instituição não teve mais condições financeiras de se manter com essas características. "Apostamos em um modelo, mas agora é irreversível. Vamos até o último dia, com toda a programação", diz o diretor, Benedito Aércio Lombardi, experiente pedagogo e um dos fundadores da escola.

A funcionária pública Silvia Marques, de 41 anos, mãe de Henrique, de 11, recebeu a notícia do fechamento da escola na última sexta-feira. O choque foi em dobro. "Tenho de encontrar um nova escola para ele que seja parecida com essa, o que é difícil. Mas a matrícula a gente garante, o pior é ver uma escola como essa fechar", disse ela, cujo filho completa a 5.ª série neste ano. "É uma pena que uma escola que não seja competitiva e mercantilista, como as que mais crescem, não consiga se manter."

Ontem, o desânimo se via na porta da escola entre funcionários e pais que buscavam os filhos. A psicopedagoga Monica Lomaski, de 44 anos, ainda não conseguiu encontrar uma nova escola para o filho de 6 anos. E também não digeriu a notícia. "Eu até chorei quando me avisaram", diz ela, que também é dona de uma escola de educação infantil no bairro.

Segundo Monica, além da própria proposta da escola, os professores eram todos muito bem preparados e experientes. "No ano passado, já era muito certo meu filho vir para cá (

para o 1.º ano

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). Ninguém esperava esse fechamento."

Perfis.

As famílias demonstraram apoio à escola. Em reuniões, já indicaram estar dispostos a pagar mais que os atuais R$ 950 de mensalidade - o que não foi aceito. Nesta semana, eles têm sido atendidos individualmente pelo diretor. Com a experiência de já ter passado pelo comando de escolas como Mater Dei e Rousseau, Lombardi tem tentado indicar boas escolas, com perfis adequados aos alunos. "Esperava pais irritados, mas recebi o contrário."

O professor conta que a Michelangelo nasceu com o interesse do pai de um ex-aluno seu, que o convidou a tocar um projeto com esses moldes. Ele, que não teve o nome divulgado, manteve-se como mantenedor. "Os alunos estão muito tristes. A escola já está de luto."

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