PUBLICIDADE

PERFIL-Ex-professor formado na Rússia substitui Reyes nas Farc

PUBLICIDADE

Por LUIS JAIME ACOSTA

Milton de Jesús Toncel, mais conhecido como Joaquín Gómez, um ex-professor e agrônomo formado na Rússia, foi nomeado na terça-feira como novo integrante do secretariado da Farc, substituindo o falecido Raúl Reyes, informou a guerrilha colombiana. Gómez, 60 anos, natural de Barrancas, atualmente dirige o Bloco Sul das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, uma das mais temidas e sangrentas estruturas da guerrilha, para a qual entrou na década de 1980, depois de militar em organizações de esquerda como a Juventude Comunista. Seu antecessor Reyes, considerado o número 2 da organização, morreu no sábado, numa ação militar da Colômbia contra seu acampamento em território equatoriano, o que abriu uma grave crise diplomática com Quito. Outros 23 guerrilheiros morreram no episódio, chamado de "massacre" pelo governo do Equador. Gómez foi funcionário público e chegou a ser policial numa localidade próxima à cidade de Riohacha, capital do Departamento da Guajira. Foi também professor primário na cidade de Maicao, perto da fronteira com a Venezuela, e depois em uma universidade em Florencia, capital do Departamento do Caquetá. Foi ali que ele conheceu Iván Márquez, que realizava atividades públicas após deixar provisoriamente a clandestinidade e que o apresentou às Farc. O secretariado da guerrilha, formado por sete dirigentes, é a máxima instância política do grupo, que tem cerca de 17 mil combatentes e consta na lista de organizações terroristas feitas pelas autoridades de Estados Unidos e União Européia. Há fortes indícios de que as Farc se financiam com o tráfico de drogas e os sequestros. Toncel, um homem magro, moreno e alto, é uma pessoa calada e arredia com jornalistas, segundo fontes de segurança. Ele foi um dos participantes das frustradas negociações de paz com o governo de Andrés Pastrana (janeiro de 1999-fevereiro de 2002), e nos últimos anos comandava oito frentes de combate do grupo, nos Departamentos de Huila, Caquetá e Putumayo (sul), além de gerir grande parte das finanças da organização. Em sua ficha criminal constam sequestros, ataques a povoados, assassinatos e ataques a bases militares e delegacias, com elevado número de vítimas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.