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Queda no envio de remessas por brasileiros é sinal positivo, diz BID

Entidade registra pela 1ª vez redução do total enviado ao país por quem vive fora.

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O declínio de 4% no número de remessas enviadas por brasileiros que vivem no exterior em 2007 é "uma boa notícia para o Brasil", na opinião de Donald Terry, diretor do Fundo de Investimentos Multilaterais do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). De acordo com dados da entidade, as remessas de brasileiros para o país em 2007 totalizaram cerca de US$ 7,1 bilhão (R$ 12 bilhões), contra US$ 7,4 bilhões em 2006. "É um sinal de que a economia brasileira está indo tão bem que isso está fazendo com que muitos brasileiros que moram nos Estados Unidos estejam voltando para seu país", afirma Terry. Segundo o diretor do Fundo de Investimentos Multilaterais do BID, essa tendência pode ser sentida, por exemplo, "no leste de Massachusetts e no sul da Flórida, quando vemos milhares de brasileiros comprando passagens só de ida". Mas o diretor do fundo estima que, ao contrário do Brasil, para o México, a quase estagnação do número de remessas não representa uma boa notícia. O país registrou um aumento de apenas 1%, cerca de US$ 24 bilhões. Crise Terry avalia que a crise econômica americana pode ser um fator para o declínio no envio de dinheiro para o México, já que muitos trabalhadores de origem mexicana atuam no setor de construção nos Estados Unidos, um dos mais atingidos pela atual situação da economia americana. Mas ele diz acreditar que o endurecimento de leis de imigração por parte de vários Estados americanos pode ser o fator decisivo para que imigrantes do México tenham dificuldade em enviar dinheiro para seu país natal. O diretor do fundo do BID afirma não ser possível precisar se a tendência entre mexicanos e brasileiros residentes no exterior seguirá inalterada, mas avalia que algumas das tendências registradas no estudo do BID se intensificarão. Uma delas é a de remessas enviadas por nativos da região andina. Atualmente, segundo Terry, as quantias enviadas por imigrantes da Bolívia e Equador que residem na Espanha é superior, por exemplo, à enviada por imigrantes dos mesmos países residentes nos Estados Unidos. América Latina Os dados divulgados nesta terça-feira pelo BID indicam que a queda das remessas de brasileiros contribuiu para uma desaceleração do índice geral para a América Latina. O envio de remessas para a América Latina foi de US$ 66,5 bilhões em 2007, um aumento de 7% em relação ao ano anterior. As estimativas específicas para a América Central registraram um aumento de 11%. Mas as projeções do BID previam um aumento bem maior para a região toda. "É a primeira vez que vemos esse tipo de desaceleração, desde que começamos a fazer essas estimativas, há oito anos", afirma Terry. "Esperávamos um crescimento no índice de remessas de 3 a 4 pontos percentuais superior." Segundo o diretor do Fundo de Investimentos Multilaterais do BID, a redução das remessas brasileiras e o crescimento pífio do número de remessas mexicanas foram os principais fatores para os índices registrados em 2007. O ano de 2007 marcou ainda a primeira vez que o número de remessas de brasileiros sofreu uma queda, desde que o BID passou a fazer estimativas anuais. De acordo com o banco, essa cifra, em 2001, ficou na faixa de US$ 2,1 bilhões. Desde então, o índice de remessas de brasileiros foi crescendo gradualmente. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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