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RIO - A Polícia Civil do Rio descobriu provas da movimentação do Primeiro Comando da Capital (PCC) para expandir seu poder para o Estado. Em centenas de ligações telefônicas interceptadas, tenta-se cooptar chefes locais do tráfico para a facção paulista.
Muitos criminosos, cuja adesão é cobiçada pelo PCC, estão presos e negociam seu recrutamento de dentro das prisões. O coordenador desse processo de cooptação para o PCC, segundo a polícia, seria Gledson Fernandes, o Léo Fantasma. Ele organiza tudo de dentro da prisão de Piraquara, no Paraná, penitenciária de segurança máxima.
O contato entre os criminosos é feito por meio de teleconferências realizadas de dentro da cadeia. Nelas, Léo oferece ajuda com armas e drogas. Exige uma “contribuição” mensal de R$ 400 de bandidos que queiram ser “batizados” na facção. O dinheiro seria para ajudar “irmãos” presos.
Ouça os áudios:
De acordo com o delegado Antenor Lopes, que coordenou a investigação sobre a expansão do PCC no Rio, o objetivo da facção paulista é começar conquistando o tráfico em municípios do interior do Rio. Depois, conquistaria a capital. Em uma das ligações, um dos bandidos do PCC diz que pelo menos 80 criminosos do Rio teriam sido aliciados para o PCC.
A facção já teria entrado em contato com líderes criminosos de Rio das Ostras, Macaé, Rio Bonito, Saquarema e Petrópolis. Segundo o delegado, eles também dão prioridade a locais perto de rodovias, para facilitar o transporte de armas e drogas.
“Ao contrário das outras facções do Rio que se enfrentam, o PCC quer cooptar bandidos usando o argumento da unidade. Eles falam diretamente com os donos do tráfico desses lugares, oferecendo assistência até judicial. Querem expandir o marcado. É um trabalho de formiguinha”, afirmou o delegado ao Estado.
As facções paulista e fluminense já deram sinais de disputa violenta em Estados do Norte e Nordeste. Em outubro, brigas em Roraima e Rondônia deixaram 18 mortos. No Rio, o CV ainda disputa espaço com o Terceiro Comando e a facção Amigos dos Amigos (ADA).
GRAVAÇÕES
Fiado “Você aceitou entrar de coração, Oscar? Leu o estatuto do primeiro ao décimo oitavo item? Teve entendimento total?” “Sim, com certeza, de coração. Tive entendimento sim, irmão.”
“O comando vai mandar mercadoria fiado. Você vai ter 15 dias para pagar. Se precisar de uma arma, de alguma coisa, você pode pedir emprestado para o comando para fazer um ‘corre’, fazer um assalto.”
Tabuleiro “Estamos com o tabuleiro montado dentro do Rio, com os participantes do trabalho. Todos os irmão foram analisados, têm condição, tudo de morro, tudo direitinho. Já fizemos um teste e os irmãos pagaram à vista. Se o comando mandar, ele disseram, a gente tira metade do nosso lucro e investe no paiol aí do trabalho da sintonia para encher o comando de arma. Nós só precisa acreditar.” (Sic)