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RS sai na frente e adapta currículo do ensino médio aos parâmetros do Enem

Estado quer diminuir os altos índices de reprovação e evasão escolar, próximos dos 40%

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Para diminuir os altos índices de reprovação e evasão escolar no ensino médio, próximos dos 40%, a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul (Seduc-RS) já está adaptando o currículo do antigo segundo grau aos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - o que inclui a integração de pelo menos 12 disciplinas nas quatro grandes áreas de conhecimentos: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Com isso, o Estado é um dos primeiros a se adequar às recomendações do Ministério da Educação (MEC) de modernizar o currículo e flexibilizar o formato atual. As medidas buscariam reverter o quadro de estagnação nessa etapa de ensino demonstrado no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). No Rio Grande do Sul, por exemplo, o indicador recuou de 3,9 em 2009, para 3,7 em 2011 - a meta era de 4,0."Ao menos outros três Estados, Ceará, Minas Gerais e Pernambuco, também já estão reestruturando o ensino médio de acordo com as novas diretrizes curriculares homologadas no início deste ano pelo MEC", afirma José Fernandes de Lima, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE).No Estado gaúcho, as modificações já estão em andamento nas turmas do 1.º ano das 1.060 escolas estaduais. Ano que vem, as mudanças vão atingir os alunos da série seguinte. E em 2014, os estudantes do 3.º ano. De acordo com o secretário estadual de Educação do RS, Jose Clovis de Azevedo, a ideia da reformulação surgiu a partir do diagnóstico de que havia uma crise no ensino médio. "A escola não preparava nem para a atividade profissional nem oferecia uma formação sólida para quem pretendia seguir os estudos", diz.O projeto de reformulação não contempla a extinção de disciplinas. Os docentes buscariam, por meio de reuniões periódicas entre si, trabalhar conteúdos de forma integrada, dentro das quatro áreas também utilizadas pelo Enem."Agora podemos dizer que o processo está consolidado. No início do ano houve resistência dos professores, mas hoje a gente constata que mudou", afirma a assessora de ensino médio da Seduc-RS, Vera Ferreira.Ela cita a inclusão da disciplina seminário integrado no currículo escolar como uma das principais modificações. Com carga horária de 4 horas semanais, os alunos desenvolveriam projetos relacionados à sua realidade e articulados com várias disciplinas. "A divisão nos quatro grandes eixos é boa. Mas achar que dentro desses eixos é possível juntar as disciplinas é bobagem. Não funciona", alerta o pesquisador em educação Cláudio Moura Castro.Com essas modificações, os estudantes ganham 200 horas a mais de aulas por ano. Seria um turno a mais por semana, afirma Azevedo. Nesse período extra, os estudantes desenvolveriam os projetos de pesquisa que, ao fim do ensino médio, se tornaria uma espécie de trabalho de conclusão de curso (TCC)."Mas faltou um grande esclarecimento sobre esse novo sistema, tanto que a nossa escola contratou em junho uma professora da universidade para instruir os docentes", diz Rúbia Pezzini, professora do colégio estadual Júlio de Castilhos.Alessandra Fruet, supervisora de ensino médio da escola estadual Japão, também cita o problema na preparação. Mas, segundo ela, hoje o processo está mais consolidado. "Tivemos de aprender. Se no início os alunos discordavam, agora as mudanças estão mais consolidadas." / COLABORARAM OCIMARA BALMANT E LUCAS AZEVEDO, ESPECIAL PARA O ESTADO

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