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Solução para crise no Quênia pode levar um ano, diz Annan

Ex-secretário da ONU lidera negociações pelo fim da violência e pediu que adversários 'façam possível' pela paz

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan iniciou as negociações entre o presidente do Quênia, Mwai Kibaki, e seu adversário político Raila Odinga para tentar encerrar as semanas de violência que já deixaram centenas de mortos.     Veja também: Entenda a violência no Quênia  Deputado da oposição é assassinado no Quênia    Helicópteros militares sobrevoaram e atiraram sobre uma multidão que ameaçava pessoas de outra tribo na cidade de Naivasha, reduto opositor no Quênia. O presidente do país, Mwai Kibaki, pediu calma à população nesta terça-feira, 29, dia em que um deputado do principal partido de oposição foi morto logo após a meia-noite quando chegava em casa, na capital Nairóbi. Na abertura das negociações, Annan pediu que os dois adversários políticos "façam todo o possível" para restaurar a paz no Quênia. "Existe apenas um Quênia. Todos nós temos muitas identidades, mas espero que vocês se vejam primeiramente como quenianos", disse Annan na abertura das negociações. O ex-secretário-geral da ONU afirmou que a crise está gerando um "impacto profundo e negativo" no país e pediu que os dois líderes levassem a sério as negociações. Annan acrescentou que acredita que as questões políticas mais imediatas podem ser resolvidas dentro de quatro semanas, mas acrescentou que negociações mais profundas poderão levar até um ano. Os membros do grupo étnico do presidente eleito Mwai Kibaki, os Kikuyus, estão em conflito com os Luos e Kalenjins, outros grupos étnicos quenianos, que apoiaram o oposicionista Raila Odinga nas eleições de 27 de dezembro. Odinga acusa o presidente reeleito, Mwai Kibaki, de ter fraudado as eleições. 'Encruzilhada' O presidente queniano e o líder de oposição falaram que o país se encontra em uma "encruzilhada" e que existe a necessidade de resolver problemas que datam da época da independência - como corrupção e tensões étnicas. Falando logo depois de Annan, o líder de oposição Raila Odinga afirmou que é crucial para os quenianos que seja restaurada a confiança no processo eleitoral do país. "Nosso apelo para a paz é incondicional, mas terá significado efetivo se pedirmos hoje que tudo seja feito para tratar, rapidamente, esta disputa específica", afirmou. O presidente Kibaki afirmou que condena os incidentes violentos que estão ocorrendo no país e que iria "implementar medidas severas" contra "aqueles que perturbam a paz". O presidente declarou seu apoio ao "processo de diálogo nacional" e afirmou que serão abertas novas delegacias de polícia e que será criado um fundo para ajudar as vítimas da violência. Mais mortes O deputado Mugabe Were, membro da oposição no Quênia, foi assassinado na madrugada desta terça-feira, o que desencadeou mais violência no país. Pelo menos sete pessoas foram mortas em Nairóbi e cidades do vale Rift também tiveram episódios de violência entre grupos étnicos. Helicópteros do Exército dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha contra uma multidão de Kikuyus, que atacava refugiados das etnias Luo e Kalenjins, grupos que deram apoio a Raila Odinga na polêmica eleição de 27 de dezembro. A polícia disse não descartar uma possível ligação entre o assassinato de Mugabe Were, do Movimento Democrático Laranja (ODM, na sigla em inglês), e os episódios de violência que tomaram conta do país depois das eleições presidenciais.   BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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