Eclipse solar total mobiliza milhões de pessoas na América Norte; veja como foi

Fenômeno em sua totalidade pôde ser visto em pontos do México, Estados Unidos e Canadá. Nasa transmitiu imagens nesta segunda-feira

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Por Ramana Rech
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O eclipse solar total desta segunda-feira, 8, não foi visível do Brasil. Apenas algumas áreas da América do Norte conseguiram presenciar o fenômeno em sua totalidade, que teve início na parte continental dos Estados Unidos por volta das 15 horas.

Eclipse solar total é visto em área do México nesta segunda-feira Foto: REUTERS/Henry Romero

Segundo a Agência Aeroespacial americana (Nasa), o eclipse prometia ser mais empolgante e atingir mais pessoas da América do Norte do que o último que passou pela região, em 2017. O evento provocou o deslocamento de milhares de pessoas para o chamado caminho do eclipse solar total.

O fenômeno não é tão raro. Mas, como ocorre em uma faixa de no máximo 360 km, se torna uma oportunidade única na vida.

  • O que as pessoas presenciam da Terra é a sombra projetada pela Lua, cujo tamanho limitado permite que poucos possam presenciar o fenômeno.
  • Nos eclipses, o planeta ou a Lua entra no caminho da luz do Sol. Durante o eclipse solar, o satélite natural fica entre o Sol e a Terra e bloqueia toda ou quase toda a visão do astro.
  • No caso dos eclipses solares, a lua tampa completamente a estrela. Nesse momento, que não dura mais do que alguns minutos, o dia fica escuro.
Eclipse solar total pôde ser visto na parte norte do México Foto: Henry Romero

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“O eclipse solar total é muito impressionante, porque os passarinhos percebem que está escurecendo e começam a se recolher, as galinhas começam a se recolher. Fica escuro mesmo e o céu fica estrelado. Um fenômeno que, para quem já viu, é inesquecível”, explica a astrônoma do Observatório Nacional, Josina Oliveira.

Já o eclipse lunar consiste na entrada da Lua dentro da área de sombra da Terra, o que confere aspecto avermelhado ao satélite. Como a sombra da Terra é muito maior do que a da Lua, os eclipses lunares podem ser visto na metade do planeta em que o satélite natural da Terra pode ser enxergado naquele momento.

O eclipse solar total acontece porque, de longe, o diâmetro da Lua e do Sol parecem ter o mesmo tamanho. Na verdade, o Sol é muito maior do que a Lua, mas a distância da estrela em relação à Terra compensa a diferença de tamanhos e resulta na curiosa coincidência.

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No Canadá, nos EUA e no México, milhões de pessoas se prepararam para ver raro fenômeno astronômico Foto: Henry Romero

Josina explica que uma forma simples de experimentar essa semelhança é posicionar o polegar na frente do Sol e da Lua e comparar os seus tamanhos. Ela alerta, no entanto, que os observadores não devem olhar diretamente para o Sol durante o teste.

Quando haverá o próximo eclipse solar no Brasil?

O próximo eclipse solar total na parte continental do Brasil irá acontecer apenas em 12 de agosto de 2045, quando poderá ser visto do extremo norte do País, nos Estados do Rio Grande do Norte, do Maranhão e na ponta do Pará.

Antes disso, em 20 de março de 2034, um eclipse solar total passa pelo Oceano Atlântico e poderá ser visto de forma parcial em parte do Nordeste.

O extremo norte do Brasil poderá presenciar um eclipse solar total em 2045. Na imagem, a linha vermelha escura mostra as áreas em que haverá um eclipse solar total. À medida que as áreas vão ficando mais claras, menos o sol ficará bloqueado pela Lua. A imagem é uma simulação feita pelo site Time and Date. Foto: Time and Date/Print

Entretanto, não será preciso esperar tanto tempo para presenciar um eclipse solar em terras brasileiras. No dia 2 de outubro deste ano, um eclipse anular ficará visível no Norte e no Nordeste.

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Durante esse tipo de evento, a Lua também fica entre a Terra e o Sol, mas seu diâmetro aparente permanece menor do que o do astro e não o cobre totalmente.

“Fica um anel iluminado em volta de uma parte escura. Também é muito bonito de se ver, mas é diferente”, diz a Josina Oliveira. Ela ressalta que, nesse caso, o céu não escurece totalmente, já que parte do Sol ainda aparece.

De acordo com a astrônoma, a tendência é de que eclipses solares totais sejam cada vez mais raros. Isso porque a Lua está se afastando de forma lenta da Terra e, por isso, os diâmetros do Sol e da Lua coincidem com menos frequência.

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O próximo eclipse total do mundo será em agosto de 2026 e irá favorecer observadores da Espanha, de uma pequena parte de Portugal, da Rússia, da Islândia e da Groenlândia.

Como foi o eclipse?

A passagem do fenômeno desde o Canadá até o México levou cerca de 90 minutos. O eclipse começou no Oceano Pacífico e terminou na porção norte do Atlântico. Segundo a Nasa, depois disso, a próxima vez que haverá um eclipse solar visível dos Estados Unidos será em 2044.

Eclipse é visto na Times Square, em Nova York Foto: REUTERS/Shannon Stapleton

Cerca de 31,6 milhões de pessoas vivem no caminho do eclipse total de 8 de abril. Em comparação, em 2017, eram pouco mais de 12 milhões, segundo informações da Nasa. Apesar de o eclipse solar total ser visível em uma área estreita, a visão do eclipse ao menos de forma parcial foi possível para a maior parte da população americana.

Mulher observa eclipse em prédio de Nova York Foto: REUTERS/Eduardo Munoz

A duração máxima em que o Sol ficou completamente tampado pela Lua foi de 4 minutos e 23 segundos em uma parte do México. Durações do eclipse total maiores que 4 minutos ocorreram até o Estado americano de Indiana (EUA). Já na fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, o Sol permaneceu bloqueado pela Lua por pouco mais de três minutos.

O eclipse solar total de 8 de abril poderá ser visto no México, Estados Unidos, e Canadá Foto: Time and Date/Print

Outro ponto de destaque para o eclipse deste ano é a sua maior atividade solar. A estrela do Sistema Solar inverte seus campos magnéticos em um ciclo de 11 anos. Isso significa que o polo norte do astro vira sul e vice-versa. À medida em que os polos se alteram, também muda a intensidade da atividade solar.

Durante o eclipse deste ano, o astro se aproximou de sua atividade máxima, o que significa maiores erupções solares. Como consequência, os observadores tiveram chances maiores de presenciar flâmulas do Sol e proeminências que parecem cachos brilhantes e rosas.

A mobilização para acompanhar o eclipse

A empolgação com o eclipse foi tão grande que levou uma região do Canadá a decretar estado de emergência com o intuito de se preparar para melhor receber milhares de visitantes. Algumas e escolas e serviços de saúde da região de Niágara, onde estão localizadas as Cataratas do Niágara, permaneceram fechados.

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O governo também aconselhou a população a se preparar para longas filas e a comprar alimentos antes do dia do eclipse.

Outras regiões também declararam estado de emergência nos Estados Unidos, como Indiana e condados do Texas e de Nova York. No caso de Indiana, o último eclipse solar total ocorreu em 1869 e o próximo será apenas em 2099.

Na declaração, o governador do Estado, Eric Holcomb, ressaltou que o alto fluxo de pessoas pode impactar sistemas essenciais, como de infraestrutura, comunicação e transporte.

O condado de Bells, no Texas, informou que espera que o número de pessoas na região dobre nos dias que antecedem o eclipse. Isso pode levar a “congestionamentos extremos de tráfego, pressões sobre socorristas e hospitais, escassez de alimentos, mercearias e combustível, juntamente com problemas na infraestrutura local”.

Entre 1 milhão e 4 milhões de pessoas tinham previsão de viajar aos Estados Unidos para ver o eclipse, conforme projeções do Great American Eclipse, site que publica informações e gráficos sobre eclipses ao redor do mundo. O Texas foi o Estado que mais recebeu visitantes.

A Nasa, por sua vez, mobilizou esforços para conseguir juntar o maior número de dados possíveis. A agência convocou centenas de fotógrafos para realizar registros do fenômeno. O objetivo é acumular dados para estudar a coroa do Sol, que é a parte mais externa da atmosfera do astro. Na maior parte do tempo, essa região fica ofuscada pela superfície do Sol, que é muito mais brilhante.

Mas, durante os eclipses, a coroa finalmente ganha destaque, o que favorece seu estudo. Depois, a agência irá combinar as imagens em um grande filme para revelar as atividades da coroa que, de outra forma, seriam mais difíceis de serem observados.

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