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Leilão do Banco Santos rende R$ 16 milhões

A obra mais cara foi uma tela de Frank Stella, vendida por R$ 4,2 milhões, mas surpreendeu o preço das fotos

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Há tempos o mercado de artes não ouvia falar de vendas acima de R$ 1 milhão, como antes da pandemia. Ao que tudo indica, os sinais de retomada são claros, embora os resultados do leilão do Banco Santos, que começou ontem à noite sob o comando do leiloeiro James Lisboa, ainda sejam tímidos para uma previsão mais otimista sobre a recuperação desse mercado. Seja como for, os resultados projetados pelo próprio organizador do leilão foram superados – e muito – na primeira noite do leilão, em que várias obras ultrapassaram esse patamar.O leilão rendeu só na noite de ontem (21) algo como R$ 16 milhões. A principal venda foi uma pintura do norte-americano Frank Stella, The Foundling #6 (2004), a mais cara do pregão, acrílica com lance inicial de R$ 3 milhões, que alcançou R$ 4,2 milhões, seguida por um esboço de Tarsila do Amaral para a tela Operários (1933), vendido por R$ 1,3 milhão – o lance inicial era de R$ 32 mil. Valor equivalente alcançou uma tela do pintor carioca Cildo Meireles, Muro (1986), obra em técnica mista (acrílica e crayon sobre lona costurada e amarrada em cano de metal), arrematada por R$1.350.000,00, quando o lance inicial era de R$ 20 mil.

A tela 'The Foundling #6' (2004), de Frank Stella: a mais cara do leilão Foto: Ariel From/James Lisboa Leiloeiro

O escultor Tunga foi outra estrela do primeiro dos dez dias de leilão, que colocou à venda 150 lotes. Sua escultura Primeiras Núpcias (1986), com lance inicial de R$ 46 mil, foi comprada por R$1.035.000,00. Ainda que sejam valores excepcionais, os preços que alcançaram as fotografias no leilão (entre R$ 30 mil e R$ 180 mil), surpreenderam até mesmo o experiente leiloeiro. E no primeiro dia do leilão, que vai até 2 de outubro, fotos históricas foram arrematadas por colecionadores – como a do pioneiro surrealista Man Ray, imagens trabalhadas nos anos 1920 e 1930 como Rayograph (1927) e Electricité (1931), ambas com lance inicial de R$ 5 mil e arrematadas por dez vez esse valor, caso de uma foto sem título (lote 118) de um torso feminino..

Esboço da tela 'Operários', de Tarsila, alcançou R$ 1,3 milhão Foto: Ariel From/James Lisboa Leiloeiro

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Está certo, os preços do leilão, fixados há 15 anos, estavam todos defasados, mas R$ 180 mil por uma fotografia é um bom indicador do crescimento desse segmento de mercado e da exigência dos colecionadores de fotos, que eram poucos há duas décadas no Brasil e já formam um bom time – a fundação do Museu da Fotografia, a SP-Arte Foto e os galeristas tiveram papel importante nesse processo. Esse valor de R$ 180 mil (o lance inicial era de R$ 2,5 mil) foi alcançado por uma foto do norte-americano Richard Avedon (1923-2004) dos anos 1960. A contemporânea Cindy Sherman ficou logo atrás, com uma imagem dos anos 1980 vendida por R$ 150 mil (lance inicial de R$ 2 mil). 

O conjunto de monotipias de Mira Schendel, outra estrela da mostra, saiu por R$ 910 mil. São oito obras da série A Criação do Mundo, de 1965, cujo lance inicial estava fixado em R$ 12 mil. Só na primeira noite do leilão da massa falida do Banco Santos o resultado da venda dos 150 lotes (R$ 16 milhões) quase alcançou o previsto pela venda de todos os 1.972 lotes (que era de R$ 20 milhões). E ainda faltam 1.822 obras para leiloar nos próximos nove dias. Segundo o leiloeiro James Lisboa, 99% das peças do primeiro pregão foram vendidas.

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