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Mawaca recria vozes dos povos indígenas brasileiros

Rupestres Sonoros difere de trabalhos anteriores por ganhar roupagem eletrônica

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De traçados rupestres, as meninas do Mawaca tiraram música. A experiência deu tão certo, que elas vão fazer o público também decifrar os elementos contidos nas imagens decalcadas para, juntos, improvisarem sons inesperados. "As 650 pessoas receberão pedrinhas na entrada do teatro para tocarem acompanhando os elementos que apresentaremos no telão, como bolinhas, riscos, pontos, etc. O resultado é sempre uma surpresa, já que partimos do improviso", adianta Magda Pucci, fundadora, pesquisadora e intérprete do Mawaca. Ouça trecho da canção So Perewatxe O processo de extrair música de figuras aparentemente abstratas foi o primeiro passo do novo álbum que o grupo lança amanhã e domingo, intitulado Rupestres Sonoros. Há pouco mais de três anos, o Mawaca foi convidado a participar de um encontro de psicanalistas junguianos, o Moitará, cujo tema para discussão naquele ano era A Psique na Pré-História. A proposta era oferecer não só um show, mas também uma interação com os presentes. "Depois de quebrar a cabeça, percebi que os rupestres tinham ritmo e se assemelhavam a uma partitura contemporânea", relembra. A ?semente? do trabalho que mostrarão a partir de amanhã coincidiu com o início do mestrado de Magda em antropologia, o que fez com que o mergulho na história indígena brasileira fosse ainda mais profundo. O primeiro material utilizado, o da conferência com os psicanalistas, veio das regiões de Monte Alegre, no Pará, e da Serra da Capivara, no Piauí. De lá pra cá, explorou registros e sons de diversos povos, como caxinauá, do Acre, e txucarramãe, do Xingu, Mato Grosso, muitos deles coletados pelos irmãos Villas-Boas, fez pesquisa de campo com a tribo Suruí, de Rondônia, foco de seu mestrado, e reuniu material suficiente para produzir o novo álbum do Mawaca. O produtor musical Marcos ?Xuxa? Levy foi então convidado para acrescentar uma roupagem original, que aproximasse a música ancestral aos ouvidos contemporâneos. O que se ouvirá em Rupestres Sonoros difere de tudo o que já se ouviu em pouco mais de 10 anos de história do Mawaca: "Ganhou um aporte arrojado", nas palavras da própria Magda, principalmente no que diz respeito à base eletrônica que permeia todo o novo álbum. "Não queria tentar reproduzir a música indígena, porque nem temos condições de fazer isso. Se é pra fazer igual, então é melhor eles cantarem do jeito deles. Nós nos propusemos a criar algo para a vida apressada que a gente leva. Não temos paciência para as músicas lentas e longas que eles cantam", diz. O primeiro projeto temático do grupo conta com a participação de Marlui Miranda, Tetê Espíndola e Carlinhos Antunes, além de abarcar canções de álbuns anteriores, como um remix da Ciranda Indiana e Ahkoy Té, dos índios ikolen-gavião, que vivem em Lurdes, Rondônia, ambas de Pra Todo Canto, quinto disco do Mawaca. Serviço Mawaca. Sesc Vila Mariana. Teatro (608 lug.). Rua Pelotas, 141, 5080-3000. Amanhã, 21 h; dom., 18 h. R$ 20

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