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Contra aquecimento global, jovem resolve viver em ‘nave terrestre’ feita de madeira e terra; conheça

‘Jovanna e o Futuro’ é apresentada em um documentário holandês em curta-metragem que faz parte do Festival Finos Filmes, que acontece em São Paulo a partir desta quinta-feria, 28

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Foto do author Daniel Silveira
Atualização:

Jovanna é uma adolescente holandesa com uma vida comum a muitos outros: mora com os pais, estuda em uma escola na região onde vive, tem um porquinho-da-índia como animal de estimação e... mora em uma casa que é tipo uma “nave terrestre”. Ok. Este último detalhe não é tão comum assim. A menina também é a personagem principal do curta documental Jovanna e o Futuro, da diretora, também holandesa, Mirjam Marks, que está no Festival Finos Filmes, que começa nesta quinta-feira, 28 e segue até terça-feira, 3.

Jovanna é uma adolescente holandesa ativista pelo meio ambiente, que vive numa 'nave terrena' com a família, economizando energia, reutilizando lixo e fazendo greve pelas mudanças climáticas. Foto: Mirjam Marks/Cobo/Divulgação

A casa de Jovanna é especial porque ela produz toda energia que é necessária para a família viver com o mínimo e faz parte de uma ecovila. A casa é construída em madeira e terra, inspiradas no modelo proposto por um bioarquiteto americano, Michael Reynold. O lixo produzido é reutilizado seja em compostagem, seja na reciclagem. Eles fazem captação de água e armazenamento, além de tratamento de esgoto. O banheiro tem um vaso sanitário com composteira para economizar água e eles não têm geladeira: “gasta muita energia”, explica a menina em uma cena do curta.

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O filme acompanha o dia a dia da menina, cujos pais, assim como ela, são veganos e ambientalistas. Eventualmente, Jovanna gostaria de tomar um desses iogurtes à venda no supermercado, mas não pode porque eles vêm em embalagem plástica. E quando a família compra sorvete, precisam colocar no freezer de algum vizinho para evitar estragar. No entanto, o filme não é sobre a adaptação da menina e sua família a uma vida produzindo menos lixo e cuidando do meio ambiente.

“Tenho uma família que pensa sobre isso (ambientalismo) e estou envolvida com o tema, então pensei: se há uma questão importante para todas as crianças em todo o mundo, é a mudança climática”, explica Mirjam Marks, diretora do curta, em entrevista por chamada de vídeo de sua casa na Holanda ao Estadão. “O filme que eu queria fazer era sobre crianças comprometidas com essa questão, pensando sobre ela ou lidando com ela de maneira especial, foi por isso que escolhi esse tema, porque diz respeito a todas as crianças do mundo”, continua.

Jovanna se inspira em outra criança (agora adulta) que se transformou em um exemplo na luta pelo meio ambiente: a sueca Greta Thunberg, líder do movimento greve nas escolas pelo clima, do qual a personagem do filme também participa. Todas as sextas-feiras, ela vai para a porta do colégio onde estuda, expõe cartazes e conversa com pessoas que passam na rua sobre a crise climática.

Além de Jovanna, no filme, Mirjam também dá voz a outras crianças de outros lugares do mundo para que elas exponham suas preocupações com o meio ambiente, mostrando que existe uma conexão da juventude com a agenda climática. “Eu também fiz um site e nele há 80 crianças de 60 países diferentes, porque queria ter o maior número possível de países e culturas diferentes, ambientes diferentes dentro dos países”, continua a diretora.

Finos Filmes

Jovanna é apenas mais um dos curtas incluído na programação do Festival de Finos Filmes, que exibe curtas nacionais e internacionais, entre esta quinta, 28 e a próxima terça, 3. De acordo com Felipe Poroger, criador da mostra que está na sua 10.ª edição, o festival existe é uma forma de apontar o cinema como uma arma potente para provocar discussões sobre temas sociais. “A gente olha para o cinema, para os temas dos filmes e para o que essa nova geração está falando através das suas histórias”, explica.

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O Finos Filmes, apesar de, eventualmente, apresentar um longa, é um festival de curtas, formato muitas vezes negligenciado pelo público, mas que, como lembra Poroger, é o ponto de partida de muitos cineastas. “Quando você trata de curta-metragem, você está quase que inevitavelmente tratando de uma nova geração, por ser um formato mais curto e, entre aspas, mais acessível”, diz. “Ele acaba sendo um meio mais rápido e democrático também de canalizar não só as angústias, mas os sonhos e frustrações dessa nova geração”, continua. Por conta disso, ele complementa, “a cada ano a gente vai recebendo filmes que tratam de assuntos que são muito quentes”. Tal qual Jovanna e o Futuro, outros filmes trazem temas como problemas de moradias nas cidades ou questões de sobrevivência em grandes centros urbanos, por exemplo.

Cena da animação holandesa Tipping Point, de Bart de Piraat, que está na programação do Festival de Finos Filmes, na mostra Fininhos. Foto: Bart de Piraat/Divulgação

Programação para as crianças

Este ano, o Finos Filmes estreia uma programação completamente dedicada aos pequenos, o Fininhos, que tem apoio do Consulado Geral do Reino dos Países Baixos em São Paulo e vai integrar o Panorama Holandês de curtas-metragens, com obras de destaque do cinema do país. “Essa sessão surge como uma tentativa de pensar as coisas, brincando também, afinal, as crianças já estão sendo expostas desde cedo a tantos conteúdos”, pontua Poroger.

A sessão, que acontece no MIS - Museu da Imagem e do Som - SP, será realizada neste sábado, 30, 10h, em parceria com a ONG CoCriança, no Auditório Labmis. Serão exibidos três filmes infantis, seguidos de atividade lúdica organizada pela ONG. Os filmes são: Tourist Trap (Vera van Wolferen) Tipping Point (Bart de Piraat) e Pig (Jorn Leeuwerink). A sessão é gratuita, sob inscrição e os interessados devem se inscrever em formulário disponível em finosfilmes.com.br. As vagas são limitadas.

A 10.ª edição do Finos Filmes acontece até terça, 3, com ingressos a preços populares, R$ 15. Mais informações sobre a programação podem ser acessadas no site finosfilmes.com.br ou no perfil do Instagram: @finosfilmes.

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