PUBLICIDADE

‘Evidências do Amor’: No filme com Sandy e Porchat, música do casal é enredo, maldição e destino

Comédia romântica traz a cantora de volta ao cinema e tem como pano de fundo ‘Evidências’, clássico do sertanejo; nesta entrevista, Fábio Porchat fala sobre o longa, que estreia agora, Sandy e humor

Por Gabriel Zorzetto
Atualização:

Um casal se apaixona ao embalo contagiante de Evidências. Parece o começo clichê de qualquer história de amor no vasto território brasileiro, mas a proposta da nova comédia romântica estrelada por Fábio Porchat e Sandy ganha contornos surpreendentes quando a canção se torna uma maldição uma vez que o noivado do casal chega ao fim e o homem passa a se lembrar das brigas com a ex toda vez que escuta a faixa sertaneja, sendo teletransportado para o passado. Logo, sua jornada é descobrir como parar tais memórias.

Considerada um hino popular, a música composta por José Augusto e Paulo Sérgio Valle em 1989, eternizada nas vozes da dupla Chitãozinho & Xororó, inspira o filme Evidências do Amor, que estreia nos cinemas dia 11 de abril.

Sandy e Porchat durante as gravações de 'Evidências do Amor' Foto: Divulgação evidenciasdoamor.com.br

“Na verdade, não queríamos fazer um filme que fosse baseado em Evidências, mas sim com Evidências como pano de fundo. É claro que precisávamos de uma música que pudesse virar uma maldição, significando que ela tem que tocar em tudo que é lugar, o tempo todo, e nada melhor do que uma música atemporal como essa. E no fim das contas, é isso. Não adianta fingir e tentar enganar o seu sentimento porque se tá ali dentro vai acabar te jogando de volta pra realidade”, conta Porchat, em entrevista ao Estadão, por telefone, destacando o vínculo da narrativa com a letra do hit, cujo eu lírico revela a luta interna de alguém que tenta negar o verdadeiro amor que ainda sente.

“Todo casal que se apaixona, que tem um relacionamento, tem uma música pra chamar de sua. Então, criamos essa história primeiro, né? E depois entramos com Evidências, porque aí me pareceu, em determinado momento, a grande música romântica brasileira que está na vida das pessoas, que todo mundo canta no karaokê, que todo mundo tem mil versões. Então, a ideia de fazer um filme surgiu antes da escolha da música”, complementa o diretor Pedro Antônio Paes, também por telefone.

Segundo Porchat, que também é um dos responsáveis pelo roteiro do longa, a escolha de Sandy para o papel principal se deu por acaso – o fato de ela ser filha de Xororó foi uma coincidência apropriada – e foi preciso um trabalho especial para resgatar a desenvoltura da cantora, que não atuava havia mais de uma década.

“Quando colocamos a Laura [personagem] como cantora no filme, nem tínhamos a Sandy na cabeça. Por acaso acabou sendo a Sandy. Na verdade, eu é que dei a notícia pra ela, porque eu é que tive essa ideia. Eu li uma entrevista dela dizendo que ninguém a chamava para atuar e ela sentia saudade disso. E estávamos buscando quem seria essa dupla. E aí eu liguei para ela. Eu não tinha intimidade nenhuma com ela, e falei ‘Sandy, eu estou com uma ideia de um filme que é assim’. Ela adorou.

Publicidade

“Então fizemos ensaios, até pra desenferrujá-la, né? Mas a Sandy é muito dedicada e disciplinada. Ela até falou ‘Mas eu não sou engraçada’, eu disse ‘Calma, você não precisa ser engraçada, deixa a graça com a Evelyn [Castro], deixa a graça comigo. Você precisa formar um casal fofo comigo. Precisamos, na verdade, nos preocupar mais em ter química como casal do que qualquer outra coisa. Porque as pessoas precisam torcer por nós’.”

“Ela tinha uma relação já com a atuação. Tinha feito um filme de terror [Quando Eu Era Vivo, de 2014]. Fez novela [o seriado Sandy & Junior, da TV Globo]. E queríamos fazer um filme para o cinema. Então, isso, de alguma maneira, acaba sendo um atrativo para o processo, porque é uma pessoa muito carismática, né? Uma pessoa que tem uma relação muito grande com o povo brasileiro”, explica Paes, cineasta responsável por comédias protagonizadas por Marcos Majella, como Os Salafrários (2021) e a franquia Um Tio Quase Perfeito.

Pôster do filme 'Evidências do Amor' Foto: Warner Bros. Pictures / Divulgação

Polêmica entre Porchat e Danilo Gentili

Recentemente, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Porchat comentou sobre a crise atual do humor e disse que “só há espaço para o humor escatológico e a lacromédia, de uma esquerda progressista e tuiteira, que não tem graça nenhuma”.

Não demorou para que o comediante fosse atacado pelo colega Danilo Gentili. O apresentador do programa The Noite escreveu um artigo intitulado #FugaDasGalinhas, onde aponta um suposto posicionamento cínico de Porchat, acusando-o de ter por quase uma década “servido como garoto propaganda da lacromédia”.

PUBLICIDADE

Questionado pelo Estadão sobre o episódio, o ator de Evidências do Amor evitou atritos.

“Eu não vi nada disso, na verdade. Eu estava estreando a minha peça no Festival de Curitiba [Agora é que São Elas] e não cheguei a ver isso que você está falando. Então eu não posso te dizer exatamente porque eu não sei do que se trata muito bem. Mas sei que gosto de fazer comédia e de todos os tipos. Tenho meu programa na Globo [Que História É Essa, Porchat?], faço uma comédia romântica no cinema, faço o Porta dos Fundos podendo fazer piadas mais ácidas, tenho meu stand-up. Gosto de circular por todo tipo de comédia, sim. Eu gosto de ver até onde posso ir. Podemos fazer uma comédia super ácida, uma comédia super pesada e também fazer uma comédia escatológica, que é divertida, e também uma comédia de casal. E consigo fazer isso da melhor forma possível porque, no fim das contas, o que queremos é que as pessoas deem risada, né?”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.