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Karim Aïnouz teve um dia de glória no Festival de Cannes. O autor brasileiro que, pela quarta vez participa do festival, apresentou em sessão especial seu longa Marinheiro das Montanhas, nesta sexta, 9. Em entrevista ao Estadão, Karim contou que foi à Argélia, país em que seu pai nasceu e vive, para entender melhor o homem que abandonou sua mãe, e ela o criou sozinha, no Ceará. Hoje, pai e filho têm boas relações, mas Karim disse que o filme sobre seu pai virou uma carta de amor a sua mãe.
O sucesso ultrapassou a expectativa. O filme foi aplaudido durante cerca de 15 minutos. Karim, emocionado, fez um discurso duro: “Não posso deixar de lembrar que, enquanto estou aqui celebrando com vocês, milhares de brasileiros estão morrendo por absoluto descaso desse governo fascista na condução da pandemia. A democracia brasileira respira por aparelhos, parece que falar do Brasil de hoje é falar de um ente querido que está entre a vida e a morte. O mundo precisa agir urgentemente para frear esse governo cuja maior especialidade é destruir e matar deliberadamente. Hoje, o cinema brasileiro e sua imensa cadeia produtiva enfrentam o desafio de sobreviver nesse cenário.”
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Após a exibição do filme de Aïnouz, equipes de quatro trabalhos brasileiros que estão participando do festival se uniram e exibiram uma faixa em que criticavam o governo de Jair Bolsonaro. "Brasil: 530.000 mortos. Fora, gângster genocida", eram os dizeres. Os artistas, que também pediam a saída do presidente, foram aplaudidos pela plateia.
Depois dos aplausos e do protesto, o próprio Karim conversou com o Estadao. “Isso aqui (Cannes) está uma loucura. Foi uma sessão quente, com bandeira da Argélia, com canto, com emoção. Para mim, não poderia ter sido mais gratificante. Fiz um filme pessoal, a gente nunca sabe como será recebido. Na verdade descobri aqui, com todo esse carinho, que o meu filme pessoal é universal.”