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Murilo Busolin fala de cultura pop: música, séries e filmes sem descartar os 'guilty pleasures'

Qual é o segredo do borogodó de Marina Sena?

Por Murilo Busolin Rodrigues
Atualização:

Com novo disco recém-lançado, a mineira desvenda a sua própria fórmula para manter as atenções voltadas à sua presença única- a nova tour passa pela Europa agora em maio e conta com muito voguing.

Era a noite do segundo show da turnê que estreou em terras paulistanas e faltavam apenas 10 minutos para Marina Sena subir no palco do Vivo Rio. Vício Inerente, o segundo disco solo de sua vida, foi disponibilizado há poucos dias, e o local estava repleto de jovens e adultos ansiosos pelo espetáculo, entre eles a animada atriz Camila Pitanga, coladinha com o palco.

Marina Sena - a popstar brasileira do momento. FOTO: Divulgação  

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Foi neste momento que a minha mente deu uma rebobinada ao lembrar os insanos últimos anos que alçaram a artista de Taiobeiras (MG).

Lembro-me de me sentir instigado pelo pop da mineira e de escrever sobre ele na semana de seu lançamento. Como um bom fã de música, eu também panfletei para Deus e o mundo... E não deu outra. Marina explodiu rapidamente no cenário musical durante a pandemia com o seu primeiro disco De Primeira (indicado ao Grammy Latino em 2022), Por Supuesto se consagrou como um dos maiores hits de 2021 e a sua agenda de shows foi digna de uma estrela em ascensão - cotada por tudo e por todos.

"A explicação para tudo que está acontecendo comigo é o meu borogodó. Tenho o meu talento, minha canetada de ouro (em relação a escrever suas próprias músicas), mas o meu melhor artifício é o borogodó. Em qualquer trabalho você precisa ter uma pesquisa para aperfeiçoá-lo. Eu tenho uma pesquisa fortíssima em composição e nas minhas referências, e sou muito empenhada no resultado", contou ela em seu camarim sobre o motivo de seu sucesso.

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Mais de 10 milhões de reproduções de Vício Inerente foram contabilizados nas plataformas de streaming em apenas uma semana. Dez das doze faixas do álbum entraram para o top 200 do Spotify Brasil nas 24 horas iniciais do lançamento. É um feito e tanto para o pop nacional nos dias de hoje, um estilo que foi parcialmente engolido por outros ritmos que atualmente dominam as paradas.

Mais de 10 milhões de reproduções de 'Vício Inerente' foram contabilizados em sete dias. Foto: Divulgalção

Marina não faz o pop superproduzido de Anitta, nem o funk melody de Luísa Sonza e muito menos o agropop da estouradíssima Ana Castela. Ela também já cresceu o suficiente para não ser colocada no mercado de artistas alternativos.

"Acredito que o meu pop em Vício Inerente é o mais próximo da Marina popstar que eu sempre quis ser. Não é uma fase experimental, é a faceta que mais se aproxima da minha realidade. É um passo mais profundo do que eu considero meu tipo de pop ideal", disse. A artista tem um domínio de palco extremamente cativante durante as suas apresentações ao vivo. As suas músicas crescem com o apoio da banda, além da coreografia e da própria presença de Marina, que nos proporciona uma misancene particular. https://www.instagram.com/p/Csjy8blrB5R/

Ela nem pestaneja ao concordar com o frisson: "Eu sempre sensualizei, desde os meus primeiros trabalhos com as bandas eu já arriscava na sensualização. É uma coisa muito natural no meu cotidiano, apenas uma expressão como qualquer outra, seja através dos passos de dança ou apenas na minha presença. É exatamente onde me sinto mais confortável".

E por falar em corêo, o seu balé dobrou de tamanho e agora bebe direto da fonte da rainha do pop Madonna.

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"Qualquer pessoa que convive com a arte dela é inspirada. A minha diretora de movimento tem uma curadoria incrível, ela sabe o que tem de melhor por aí e quais são as pessoas que estão arrasando nos dias de hoje. Temos voguing, pois ela frequenta ballroom e muitas festas em São Paulo, e trouxemos as melhores inspirações para o nosso show, tem até um Legendary (referência à série da HBO) entre nós", completa.

São Paulo foi a grande fonte de inspiração para o seu projeto mais recente. Ela é pra lá de sincera ao dizer o quanto está inspirada, apaixonada e se sentindo mais criativa após se mudar para a capital.

As progressões são facilmente sentidas nas batidas, no autotune e nos sintetizadores explorados sem economia em suas novas músicas, mais precisamente em seu novo single Olho no Gato.

Mas se engana quem acha que, num possível futuro, o clima cinzento típico da cidade, repleto de altos e baixos, pode influenciá-la a criar um material mais obscuro ou melancólico.

São Paulo é a principal inspiração de Marina Sena para o seu segundo álbum solo. FOTO: Divulgação  

"Acho difícil me pegar, viu? Eu procuro dar uma passeada por aí, não deixo de visitar a minha cidade. Estou sempre me nutrindo de coisas boas, mas se pegar... Eu mudo daqui", conta, aos risos.

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Enriquecimento, autoconfiança e colaborações para 2023

Quando o assunto é a mudança na qualidade de vida, não existe pessoa mais transparente e centrada do que Marina Sena: "Não que eu seja rica, trilhardária, mas há um ano estava ganhando meus primeiros 10 mil reais. Eu liguei para o Jorginho (assessor) e perguntei, desesperada, o que eu faria com aquilo. Eu nunca tive essa quantia na minha conta! No próximo mês vieram 300 mil e depois mais e mais... É, as coisas mudaram, mesmo".

Ela afirma que, mesmo com a drástica mudança de realidade - além de elevar o nível de seu audiovisual - se manteve atenta aos conselhos de outros famosos da indústria musical: "Tive ótimas dicas de pessoas do meio para não ficar deslumbrada nesse processo. Alertaram que chegariam diversas pessoas pedindo para fazer isso e aquilo e eu me segurei firme para não deslizar para nenhum lado".

A cantora quer uma versão de 'Vício Inerente' apenas com colaborações dos seus sonhos. FOTO: Divulgação  

Em suas redes sociais e entrevistas, Marina mantém o papo reto no quanto acredita no seu próprio trabalho e mostra ter confiança para dar e vender ao garantir de que vai superar, nos termos de excelência, um disco após o outro.

"Não tem como o resultado ser ruim. Eu trabalho com isso, então passo o dia inteiro estudando referências, ouvindo muitas texturas e escutando muita música, sabe? Eu preciso saber o que está rolando nos dias atuais e o que já rolou no passado. É questão de 1 + 1 é 2, se eu pesquiso isso tudo, significa que o resultado do meu trabalho será bom. A famosa junção de uma boa pesquisa com o talento nato, é esse o segredo do meu borogodó", finaliza.

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Sena garante que não para de compor e nem pensa em parar mesmo durante a passagem de sua turnê pela Europa, neste mês de maio. Tamanha é a sua criatividade que diversas faixas não entraram no compilado final de Vício Inerente.

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