RODRIGO FONSECA Indicado ao Globo de Ouro por "Round 6" ("Squid Game"/ "Ojing-eo Geim"), Lee Jung-jae fez sua estreia na direção em Cannes, numa sessão de meia-noite abarrotada de gente, entupida até o talo, onde deu um banho de adrenalina no festival francês com "Hunt" ("Heon-teu"). É um "John Wick" sul-coreano, numa mistura de thriller de espionagem, suspense noir e Chuck Norris. Lembra muito o Michael Winner (1935-2013) de "Jogo Sujo" (1973) em reviravoltas sem fim e num pano de fundo que mescla conflitos de governo com acertos de contas de células criminosas. Só lhe falta um Charles Bronson, a força que calçava a estética Winner. A figura do vigilante exército de um homem só não cabe na narrativa de Jung-jae, que assume o papel central, saindo-se bem nas cenas de luta e de trocas de tiros, mesmo sem imprimir sua personalidade. Ele vive um agente que caça um espião num processo de troca presidencial. Falta estilo, mas a sequência final, de quase 20 minutos de pura TNT, é antológica.
À tarde, Cannes rasgou-se em aplausos para um dos maiores campeões de bilheteria da atualidade: Omar Sy, o protagonista da série "Lupin", que levou 20 milhões de pagantes (e isso só na França) aos cinemas para aplaudir seu trabalho em "Intocáveis" (2011). Aos 44 anos, Sy é o astro (e o produtor) de "Father and Soldier" ("Tirailleurs"), um drama sobre paternidade na I Guerra. Ele vive Bakary, um senegalês que se enfronha em trincheiras para salvar seu filho adolescente, que foi recrutado à força pelas tropas francesas em 1917.