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'Vitalina Varela' estreia no Brasil na Páscoa

Por Rodrigo Fonseca
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RODRIGO FONSECA Enfim, nesta quinta-feira, o circuito exibidor brasileiro - ou ao menos parte substancial dele, que inclui São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza - vai conferir um dos filmes de maior exuberância narrativa e potência filosófica do fim da década passada: "Vitalina Varela", de Pedro Costa. Dia 14 tem sessão dele no Instituto Moreira Salles, na Gávea, às 18h. Laureado com o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno em 2019, de onde saiu ainda com o Prêmio de Melhor Interpretação Feminina para sua atriz principal, Dona Vitalina, o último filme do lisboeta Pedro Costa finalmente terá espaço comercial no Brasil, depois de quase três anos de espera, num trabalho primoroso da Zeta Filmes. Lá fora, na Europa, seu país natal, Portugal se rende a um derivado desse longa-metragem de timbres existencialistas, pautado num jogo de insulamento lírico de sua protagonista: o livro "Vitalina Varela: Caderno de Rodagem". Trata-se de um registro de seus bastidores, calcado em fotos. Sua produtora, a Optec, situada na Rua da Glória, em Lisboa, na subida do tradicional bondinho (ou elétrico, como chamam o veículo por lá), tem posto exemplares à venda, a EUR25. É uma forma de entender as entranhas de uma experiência cinematográfica que repensa o Tempo a partir da errância de uma cabo-verdiana pela capital portuguesa em busca de seus mortos, após a morte de seu marido, atrás de sentido.

 Foto: Estadão

Livro e filme celebram a geografia das Fontainhas, bairro onde o cineasta ambienta suas aclamadas tramas, oferecendo ao espectador uma missa estética de reflexão sobre a resiliência dos imigrantes d'África em terras europeias. Desde Locarno, o longa de Costa já soma 23 prêmios e ganhou uma sessão nobre no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, no âmbito de um ciclo dedicado ao melhor da produção cinematográfica de 2020. Nessa narrativa de requintado visual, Vitalina leva às telas suas experiências com o luto e a ressaca diante do sexismo. "Há algo que encontrei em Cabo Verde que me leva ao filme 'Sans Solei', de Chris Marker: a espera", disse Costa ao Estadão em sua passagem pelo Festival do Rio, em dezembro de 2019. "Vitalina, com sua presença avassaladora, é alguém que carrega uma ressaca em relação aos homens". Em seus "Cadernos de Rodagem", Costa faz um balanço de seu método de trabalho, reunindo fotografias tiradas nos subúrbios de Lisboa e na ilha de Santiago, Cabo Verde, entre 2017 e 2019. Método esse que rendeu ao cinema português pérolas como "Juventude em Marcha", indicada à Palma de Ouro em 2006, ou "Cavalo Dinheiro" (2014).

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