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Repórter especial de economia em Brasília

Desaceleração do PIB aumentará pressão de Lula a Haddad por mais gastos em 2024; leia análise

Pressão na Esplanada dos Ministérios tende a esquentar por novas políticas de estímulo fiscal, sobretudo, de crédito

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

A desaceleração do crescimento da economia brasileira, confirmada pelo IBGE com o anúncio do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2023, já era esperada e está por trás da nova nuvem de pressão por mais gastos em 2024.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é quem mais cobra do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um PIB maior, e não está nada satisfeito com a projeção oficial do governo de crescimento de 2,2% no ano que vem.

A cobrança do presidente sobre a equipe econômica vem desde o início do governo e a pressão na Esplanada dos Ministérios tende a esquentar por novas políticas de estímulo fiscal, sobretudo de crédito.

Lula é quem mais cobra do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um PIB maior e não está nada satisfeito com a projeção oficial do governo de crescimento de 2,2% no ano que vem. Foto: Wilton Junior/Estadão

Lula quer acionar a todo vapor o motor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ativar a economia, e pode renovar também a pressão para o Banco Central acelerar a queda dos juros.

Se em 2023 o crescimento do PIB deve ficar próximo de 3%, para 2024, a pesquisa Focus, coletada pelo Banco Central com base em projeções de analistas econômicos de fora do governo, aponta uma alta de 1,5%, previsão menor do que os 2,2% do Ministério da Fazenda.

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O PIB mais baixo traz menor arrecadação. E agora, com o novo arcabouço fiscal, representa menos espaço para o crescimento das despesas.

Na reta final do ano, o governo vai surfar nos resultados gerais positivos de 2023. O Brasil fechará o ano, sob o ponto de vista econômico, muito melhor do que se esperava no início do governo Lula.

Juros e inflação em queda; saldo da balança comercial muito mais alto e sob novo patamar com o aumento da produção de petróleo; investimentos estrangeiros diretos no País em torno de R$ 63 bilhões e a menor taxa de desemprego desde 2014. Sem falar numa agenda econômica gigante de transformação ecológica cheia de oportunidades para o Brasil.

Quando todos esses resultados favoráveis se somarem à aprovação das medidas econômicas, mesmo que desidratadas, Haddad e equipe vão comemorar. Sem falar da aprovação esperada da reforma tributária, que elevará o tamanho dessa onda positiva em 2023.

A perspectiva é de comemoração também no mercado financeiro, que teve também um ano difícil com os solavancos do cenário internacional. A turma da Faria Lima só quer mesmo é fechar no positivo.

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O problema vem depois, em 2024, num cenário de desaceleração da economia combinado com ano de eleições. Os sinais ruins de pressão expansionista começaram com as tentativas recentes de fazer mudanças nas regras fiscais. Internamente, no governo, dizem que a culpa é da imprensa, que não está querendo ver que as regras do novo arcabouço fiscal seguem todas intocadas e estaria insensível ao nível de desigualdade do Brasil.

Mas, como a roda da economia gira, e o Brasil segue muito dependente do que acontece no cenário externo, se degringolar lá fora, a deterioração aqui dentro será rápida - se a credibilidade fiscal estiver em baixa. Aí, somem os amigos do governo que vão comemorar os resultados de 2023 nos próximos dias.

Como chamou atenção o economista Manoel Pires, do Observatório Fiscal da FGV, em entrevista ao Estadão, é preciso dar um pouco mais de realismo ao discurso fiscal para não transformar vitórias que o governo tem colecionado em derrotas. Muita calma nessa hora.

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