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Agronegócio aproxima mundo rural e urbano

Escolas públicas com piscina e comércio desenvolvido são atrativos dos novos centros que surgem em polos de agronegócio

Por Daniel Petrillo
Atualização:

SÃO PAULO- Desde 1970, quando a população rural passou a ser minoritária, estima-se que mais de 40 milhões de brasileiros migraram do campo para a zona urbana. As riquezas geradas no campo, no entanto, estão levando à construção de um novo tipo de cidade, as agrossociedades que estão mudando a tendência de ocupação urbana no País. O termo “agrossociedade” foi criado por José Luiz Tejon, do Núcleo de Agribusiness de Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e um dos fundadores da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR) para designar estes novos polos, que reúnem avanços econômicos, ambientais e sociais. São cidades como Lucas do Rio Verde (MT), Rio Verde (GO), Ribeirão Preto (SP), Maringá (PR), Chapecó (SC) e Santa Cruz do Sul (RS). Todas têm Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior à média nacional. No entanto, segundo o antropólogo Antonio Mendes Braga, a migração para as cidades ocorre “por causa da mitificação do espaço urbano como espaço das oportunidades”. Para ele, a transformação do Brasil em país urbano está atrelado ao tipo de sociedade que vivemos. “As pessoas vão onde tem concentração de riquezas, para se apropriar delas. Mesmo essa riqueza produzida no campo acaba se concentrando nos espaços urbanos”, afirma. A socióloga Maria Aparecida Moraes Silva alerta para a leitura do IDH. “Este índice representa uma média; quando pulamos para a realidade, encontramos um panorama bastante diferente. Em Ribeirão Preto, por exemplo, vemos um grande aumento das ocupações irregulares e consumo de drogas”. A população procura os centros urbanos, de acordo com a socióloga, atrás de facilidades. “Em algumas cidades do interior não existem escolas, as próprias prefeituras oferecem ônibus para levar as crianças até o centro urbano mais próximo”. Em algumas regiões rurais, falta sinal de celular.Conforto. De acordo com Tejon, ainda não se sabe quantas cidades brasileiras se encaixam nesse padrão de agrossociedades. Mas para um município ser assim classificado tem de ter boas escolas, serviços de saúde e emprego – criados por empreendimentos de iniciativa das próprias comunidades locais ou pelas grandes empresas do agronegócio nacional. Em outras palavras, possuem infraestrutura, que acabam atraindo principalmente empreendedores que têm a terra como fonte de renda, investem em tecnologia e conhecimento e procuram especialmente qualidade de vida. “O cooperativismo competente em geral é vetor de desenvolvimento”, afirma Tejon. “Isto acontece porque a ideia do cooperativismo é educar e promover o cooperado.” As principais atividades econômicas ainda são a agricultura e pecuária, mas já há sinais de crescimento em outros ramos de atividade, como hortifrutigranjeiros, produção de mel e cachaça, por exemplo. “Nessas regiões, existe forte interação entre todos os agentes da cadeia produtiva. O governo investe em centros de tecnologia. Há uma preocupação em manter a cidade limpa”, afirma José Luiz Tejon.

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