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Árabes querem terras no Brasil

Agência de investimentos saudita enviou diretores ao País

Por ISTAMBUL
Atualização:

As fortunas árabes obtidas com o petróleo serão usadas na comprar terras no Brasil para garantir o abastecimento de alimentos nesses países, informou o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Salim Schahin. Na próxima semana, a cúpula da Autoridade Geral de Investimentos da Arábia Saudita vem ao Brasil para avaliar áreas para compra. A Líbia já destinou parte de suas reservas para a compra de terras e está em negociações também no Brasil. "Estamos ainda em uma fase de exploração", disse Schahin. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a primeira viagem de um chefe de Estado brasileiro à Arábia Saudita. A busca por terras é um dos principais objetivos dos árabes, que, nos últimos anos, acumularam reservas bilionárias, mas continuam com problemas de abastecimento de alimentos. Os sauditas, no início do ano, decidiram criar um fundo especial apenas para essas operações de compras de terras. Os sauditas ainda avaliam a possibilidade de comprar terras no Sudão, Ucrânia, Paquistão e Tailândia. Até o Grupo Bin Laden, com sede na Arábia Saudita, também lidera operações de busca de terras aráveis. Um dos projetos em discussão é a aquisição de 500 mil hectares de arrozais na Indonésia. No Paquistão, os sauditas podem levar 1 milhão de hectares. Na Etiópia, onde a fome atinge mais de 5 milhões de pessoas, os sauditas investiram mais de US$ 100 milhões na produção de trigo e arroz. O valor é o mesmo que as Nações Unidas gastam todo ano para alimentar a população do país considerado berço da raça humana. Os líbios insistem que o Brasil é parte da estratégia da busca por terras. Trípoli tem US$ 500 milhões para investir na América Latina. Mas as autoridades deixaram claro aos empresários brasileiros que grande parte desse dinheiro será usado no setor agropecuário. Estudo do Instituto Internacional de Pesquisas de Políticas de Alimentação (Ifpri, em inglês), apresentado há uma semana em Genebra, aponta que os acordos de venda de terras por governos a estrangeiros pode somar US$ 30 bilhões, envolvendo a aquisição de 20 milhões de hectares, a grande maioria em países pobres.

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