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Expectativas para o Brasil são pessimistas com o crescimento da influência direta de Lula

Relatório do FMI apontou para um déficit primário contínuo até 2026, bem como um crescimento limitado, e expectativas sobre o País tornam-se ainda piores com os esforços do presidente

colunista convidado
Foto do author Albert Fishlow
Por Albert Fishlow

Esta é a semana da reunião semestral do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, nos Estados Unidos. O relatório do FMI acabou de ser publicado. Não é exatamente uma trajetória otimista para os próximos anos. A continuidade de um déficit primário é apresentada ao longo dos próximos anos até 2026, bem como um crescimento limitado. O último relatório do Banco Mundial, de janeiro, esperava uma expansão imediata mais baixa em 2024, mas revisou essa expectativa para cima.

No Brasil, há uma variedade de expectativas, mas a maioria tornou-se mais pessimista conforme a influência direta de Lula aumentou. Ele deixou claro o seu compromisso com maiores controles e supervisão. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, continua tentando tornar viável a situação atual, mas isso envolveu um regresso inesperado à medida que aumentaram as dissidências mais acentuadas dos líderes mais conservadores da Câmara e do Senado. Eles falaram de gastos muito maiores, antes das eleições de outubro. Isso criaria um problema imenso. Os preços retornariam à pressão inflacionária.

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Para dizer o mínimo, Bolsonaro felizmente foi derrotado, mas o seu significativo partido continua funcionando e marchou mais uma vez no final de fevereiro. O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não recolheu seu passaporte, mas isso provavelmente ocorrerá em breve.

Lula está no meio de esforços para expandir a economia e os receios continuam crescendo à medida que o seu compromisso com a expansão Sul-Sul e a liderança do G-20 tem aumentado. O PT valoriza a sua liderança, mas isso talvez esteja bloqueando a ascensão de substitutos mais jovens e tecnicamente mais alertas. Para eles, o relatório de abril do Banco Mundial sobre a pobreza brasileira está mais próximo da realidade.

Aqui eu cito a sua seção final sobre futuras perspectivas: “Os principais riscos macroeconômicos decorrem da necessidade de consolidação fiscal para cumprir aos objetivos de balanço primário, estabilizar a dívida pública e ancorar as expectativas de inflação... Mas o consenso político em torno das medidas de ajuste fiscal continuará sendo crítico para a estabilização da dívida.”

Fishlow: 'No Brasil, há uma variedade de expectativas, mas a maioria tornou-se mais pessimista conforme a influência direta de Lula aumentou'. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O problema, porém, é mais profundo. O país ainda depende de uma variedade de partidos políticos que não é adequada para refletir as diferenças reais de posição. Na sua ausência, há poucos motivos para antecipar melhores decisões políticas. Mais de trinta partidos políticos se traduzem em maiores gastos de campanha sem coerência. Poucos continuam por muito tempo antes de voltar para as alternativas estaduais e municipais. Ou eles escolhem novos partidos para experimentar.

Nos últimos anos, vimos mudanças inesperadas nas eleições municipais e estaduais. O Estado de São Paulo está nas mãos de um candidato bolsonarista, em vez da importância anterior do PSDB e do PT. Nas eleições municipais também há uma variedade maior. Resta saber como isso acabará funcionando.

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Eu encerro com três conclusões.

A primeira é um medo de menos democracia do que se deveria ver no Brasil. Talvez as minhas preocupações tenham origem no terror da presença contínua de Trump. Ele transformou um conservador da Louisiana, Mike Johnson, que é presidente da Câmara dos Representantes, em herói. Finalmente, há um voto pela continuidade da liderança americana no mundo.

Em segundo lugar, me preocupo com a situação em uma América Latina que acomoda a falta de liderança democrática em muitos países. Venezuela, Nicarágua, Argentina são apenas três países que se destacam pelo declínio dos rendimentos e pela coerência.

Terceiro, estou muito preocupado com o colapso da paz no Oriente Médio, na África e na Ásia. Existe um padrão de morte e desespero para muitos que são jovens e incapazes de beneficiar dos avanços que já ocorreram, e daqueles que virão da IA no futuro.

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