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Copom eleva projeção de inflação, mas não revela números

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou as projeções de inflação para este ano e para 2003, mas não revelou os novos números, segundo ata da reunião da semana passada

Por Agencia Estado
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou as projeções de inflação para este ano e para 2003, mas não revelou os novos números, segundo a ata da reunião realizada na semana passada, quando foi decidida a alta da taxa Selic para 22%. "O Copom elevou suas projeções de inflação para 2002 e 2003 devido, sobretudo, ao aumento das expectativas de inflação na economia. Contudo, as projeções do Copom encontram-se significativamente abaixo da mediana das expectativas do mercado", dizem os diretores do BC no texto da ata. Às vésperas da reunião do Comitê, a projeção média do mercado para a inflação em 2003 era de 9,8%, ante 7% em outubro e 5,2% em setembro. Os diretores do Banco Central revelam ainda na ata do Copom que, apesar da elevação das projeções de inflação, a meta ajustada para 2003 continua em 6%. A meta de inflação para o próximo ano é de 4%, mas o Copom trabalha com o conceito de meta ajustada, em que aos 4% fixados como meta central para 2003 são acrescidos o choque primário dos preços administrados e a metade do impacto da chamada inércia inflacionária herdada de 2002. "A meta ajustada para 2003 não se alterou desde outubro e situa-se em torno de 6%", explicam os diretores na ata. "A projeção de inflação está acima desse valor", afirmam. O Copom verificou que, se a taxa de juros básica da economia brasileira fosse mantida em 21% ao ano, a inflação iria estourar o teto das metas definidas para 2002 e 2003. De acordo com a ata da reunião da semana passada, os diretores do BC revelaram que dos diversos exercícios feitos pelo Copom, foi possível concluir que a manutenção da Selic em 21% ao ano - e da taxa de câmbio em R$ 3,55 - apontava para uma inflação "acima do limite superior do intervalo de tolerância" em 2002 e 2003. A meta estabelecida para este ano é de 3,5% com margem de variação de dois pontos porcentuais, o que representa um teto de 5,5% para o IPCA. Para 2003, a meta é de 4%, com margem de variação de 2,5 pontos porcentuais. Isso significa que o teto para a inflação em 2003 é de 6,5%. Gasolina A valorização do real no mês passado fez com que o Copom revisasse suas projeções em relação aos preços dos derivados de petróleo. Depois de estimar um aumento de 9% para gasolina em 2003, os diretores do BC apostam agora que o preço da gasolina irá, na verdade, cair 1,5% no próximo ano. "Diante da apreciação cambial ocorrida desde o reajuste anunciado no início de novembro e da queda dos preços internacionais do petróleo e derivados, houve revisão para baixo dos valores previstos para 2003. Para a gasolina, projeta-se uma redução de 1,5%, ante os 9% de aumento previstos no último Copom (outubro)", afirmam os diretores do BC na ata da reunião. Para o gás de cozinha, a nova estimativa do Copom é um aumento de 6% para os preços desse produto ao longo de 2003. O valor é bem menor do que o da previsão de outubro, quando o Copom estimava que o preço do gás de cozinha sofreria um aumento de 16,6% no próximo ano. "Para os dois últimos meses de 2002, projeta-se manutenção dos preços para gasolina e gás de botijão, com base nos valores anunciados pela Petrobras em 1º de novembro", afirmam os diretores do BC na ata. Energia O Copom elevou de 25% para 27% sua projeção para o aumento dos preços das tarifas de energia elétrica em 2003. A elevação da estimativa é consequência do aumento das projeções para o IGP-M, que tem participação significativa nos reajustes de energia elétrica. Apesar dessa elevação, o Copom reduziu de 21,2% para 20% sua projeção para o reajuste das tarifas elétricas em 2002. Desses 20%, cálculos do Copom indicam que 17,2% ocorreram entre janeiro e outubro. Os diretores do BC também decidiram, na última reunião do Copom, redefinir a composição do conjunto de preços administrados por contrato e monitorados, para excluir desse conjunto carvão vegetal, transporte escolar e empregado doméstico. Com essa nova composição, os preços administrados passaram a ter um peso de 27,7% no IPCA e não mais 31,1%. Com base nessa nova definição, o Copom estima reajustes de 13,4% e 12,1% em 2002 e 2003, respectivamente, para esse conjunto de preços. A previsão anterior era de um reajuste de 12% este ano e de 12,7% para 2003. A queda de 0,6 ponto porcentual na estimativa de inflação de preços administrados par 2003 é conseqüência, segundo análise do Copom, da nova trajetória dos preços dos derivados de petróleo. Núcleo Apesar do aumento da taxa de inflação mensal em outubro, o núcleo inflacionário do IPCA manteve-se em 0,78% no mês passado, segundo revela a ata do Copom. A inflação medida pelo IPCA atingiu 1,31% em outubro, valor superior aos 0,72% registrado em setembro e ao valor projetado pelo Copom em outubro. Nos últimos 12 meses, o núcleo de inflação do IPCA registrou uma variação de 7,62%. Apesar da manutenção do núcleo de inflação do IPCA, o núcleo do IPC-BR passou de 0,67% em setembro para 0,97% em outubro. No acumulado em 12 meses, esse núcleo registrou uma variação de 7,30%. O núcleo de inflação calculado por exclusão dos preços administrados e dos alimentos no domicílio registrou uma variação de 0,74% em outubro, com variação acumulada em 12 meses de 6,75%. Os diretores do BC destacam ainda no texto da ata que a variação acumulada pelo IPCA em 12 meses, que apresentou trajetória descendente de maio a agosto, acabou registrando uma elevação de setembro (7,93%) para outubro (8,44%). "Nesses 12 meses, os preços livres contribuíram para inflação com 5,47 pontos porcentuais, enquanto os preços administrados por contrato e monitorados contribuíram com 2,98 pontos porcentuais", avaliam os diretores do BC.

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