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Defasagem da gasolina dispara para 20% e pressiona Petrobras por aumento

A alta de valores no mercado externo, puxada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, aumenta a pressão para que a Petrobras reajuste o combustível

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

Rio - Há quase três meses sem reajuste (87 dias), a gasolina nas refinarias da Petrobras já registra uma defasagem de preço em relação ao mercado internacional de 20%, patamar que não registrava desde meados de maio. A alta de valores no mercado externo, puxada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, aumenta a pressão para que a Petrobras reajuste o combustível.

A diferença de preços está sendo impactada pela alta do petróleo e a desvalorização do real nesta segunda-feira. Já o diesel, reajustado no dia 10 de maio pela estatal, é comercializado no Brasil com uma defasagem média de 14%.

A gasolina nas refinarias da Petrobras já registra uma defasagem de preço em relação ao mercado internacional de 20%, patamar que não registrava desde meados de maio Foto: Werther Santana/Estadão - 15/1/2020

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 "Com a ligeira alta no câmbio e uma alta mais expressiva nos preços de referência do óleo diesel e da gasolina no mercado internacional, os cenários das defasagens tanto para a gasolina como para o óleo diesel afastaram-se da paridade, o que inviabiliza as operações de importação", informa a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Com a demora do reajuste, principalmente da gasolina, o nível do aumento de preços fica cada vez maior. Se a Petrobras quiser alinhar seus preços hoje ao mercado internacional, terá que elevar a gasolina e R$ 0,95 por litro e o diesel em R$ 0,78 por litro. A empresa vem sendo pressionada pelo presidente Jair Bolsonaro para manter os preços congelados, com objetivo de segurar a inflação e com isso aumentar a chance de ser reeleito. Os combustíveis têm sido os grandes vilões do custo de vida, já que o transporte no Brasil, na grande maioria, é feito pelas rodovias.

Na Bahia, única refinaria de grande porte privatizada no País, os reajustes têm sido semanais. No último sábado, a Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe, elevou o preço da gasolina entre 3,2% e 4,6% e o diesel entre 10% e 11%, dependendo do mercado.

“A situação está muito difícil. Operações de importações totalmente inviabilizadas e a Petrobras continua praticando preços muito abaixo da paridade. Além de inviabilizar as importações, os preços artificialmente baixos prejudicam os demais produtores dos combustíveis fósseis e pressionam os combustíveis alternativos, como por exemplo o etanol”, disse ao Broadcast o presidente da Abicom, Sérgio Araújo.

Postos

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Apesar da alta no mercado internacional, a queda de preço do etanol e a concorrência vêm reduzindo ligeiramente o preço da gasolina nos postos de abastecimento no Brasil . Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro da gasolina no País fechou a semana de 29 de maio a 4 de junho em R$ 7,218, 0,4% abaixo da semana anterior e queda de 1% desde 14 de maio. O maior preço encontrado pela ANP foi de R$ 8,490 e o menor R$ 6,180, ambos na região Sudeste.

O diesel também cedeu de preço na mesma semana, com queda de 0,5%, sendo negociado, em média, a R$ 7 o litro do S10, o menos poluente.

Segundo o ex-presidente da Fecombustíveis Paulo Miranda, com o começo da safra do etanol anidro os preços caíram e impactaram a gasolina. Em março e abril, informou, o preço havia subido por conta da alta do biocombustível, cuja mistura na gasolina é da ordem de 27%.

"Tivemos um pico de preços do anidro, que encareceu a gasolina C (com mistura), e também, quando o preço fica muito tempo sem reajuste estimula muito a competição, porque o cliente já sabe quanto cada posto cobra e busca o mais barato", disse Miranda, que deixou a Fecombustíveis no mês passado. "Os postos começam a achar que está perdendo clientes e reduzem a margem", explicou.

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Já no caso do diesel, a recessão é a melhor explicação para a ligeira queda de preços, segundo o executivo, já que a mistura do biodiesel não tem tanto peso (10%) como o etanol na gasolina e o valor desse biocombustível também é alto no mercado. "Junho está sendo péssimo, o revendedor está reduzindo a margem para ganhar o consumidor", avaliou.

Para o atual presidente da Fecombustíveis, James Thorp Neto, as decisões dos donos de postos são individuais e muito dinâmicas, principalmente em ambiente de maior competição.

 "Provavelmente competição ou alteração por parte da distribuição, nosso mercado é muito dinâmico e existem oscilações diariamente da distribuição para com os postos", afirmou, ao ser questionado sobre o motivo da queda dos derivados no Brasil.

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Sem reajustes desde o último dia 10 de maio, quando elevou o diesel em 8,9%, a Petrobras segue sob pressão do presidente Jair Bolsonaro, que já demitiu três presidentes por causa da alta dos preços, inclusive o atual, que segue no cargo até a substituição.

Nesta segunda-feira, 6, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que nos próximos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai resolver a questão dos combustíveis "no tocante a impostos", disse em entrevista à TV Terraviva. Falou também, que a intenção do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, é mudar toda a direção da Petrobras, não apenas o Conselho de Administração, processo que já está em andamento à espera dos novos nomes que serão enviados pelo governo para preencher os cargos que ficaram vagos após a demissão do presidente da estatal.

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