Publicidade

Novo capítulo de disputa entre sócios da Gafisa faz ações da empresa disparar

Ações subiram cerca de 50% nos últimos cinco dias; gestora quer destituição do conselho de administração, eleição de novos membros e suspensão de direitos políticos de veículos de investimento

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast)

A gestora de recursos Esh Capital, do investidor Vladimir Timerman, deu início na Gafisa a uma nova disputa com o empresário Nelson Tanure. Ambos são acionistas da empresa.

PUBLICIDADE

A Esh pediu a convocação de uma assembleia para destituição do conselho de administração da incorporadora e eleição de novos membros. Além disso, pediu a suspensão dos direitos políticos de veículos de investimento que teriam ligação com Tanure, de acordo com alegação da Esh — algo que as partes já negaram em outras ocasiões.

A Esh trouxe novamente à tona a acusação de que Tanure exerce o controle da Gafisa por meio de uma rede de veículos de investimento e estruturas societárias cuja titularidade é omitida do mercado. Segundo a Esh, esses veículos têm, juntos, uma fatia maior que 30% na companhia.

Caso isso seja comprovado, o grupo de Tanure terá que fazer uma oferta pública de aquisição de ações (OPA), conforme previsto no estatuto social da companhia. Essa mesma reivindicação foi levada pela Esh à Comissão de Valores Mobiliários (CMV) em março de 2023, mas o caso ainda não teve uma conclusão.

Como pano de fundo, as ações subiram em torno de 50% nos últimos cinco dias, cotadas a cerca de R$ 14 no pregão desta quinta-feira, 28. A discussão de uma possível OPA em qualquer empresa costuma ser acompanhada pelo movimento de investidores se posicionando para lucrar com a potencial valorização dos papéis — o que pode ou não se confirmar.

Com as movimentações, as ações subiram em torno de 50% nos últimos cinco dias, cotadas a cerca de R$ 14 no pregão desta quinta-feira, 28. Na foto, obra de prédio residencial da construtora Gafisa, no Campo Limpo. Foto: CLAYTON DE SOUZA/Estadão

A possível convocação de uma assembleia para troca de comando também é um incentivo para os controladores reforçarem suas posições, com intuito de ganhar peso em uma futura votação.

A Esh tem 9,5% das ações da Gafisa. Por sua vez, a gestora Mam Asset e a Trustee Distribuidora têm 19,5% e 9,4%, respectivamente — eles são apontados pela Esh como integrantes do grupo de Tanure. Entre os principais acionistas também está o investidor Pedro Novellino, que vem comprando ações ao longo do ano e atingiu participação de 11%.

Publicidade

O que diz Vladimir Timerman

Procurado pela reportagem, Timerman afirmou que a Esh não comprou ações nos últimos dias. Na sua avaliação, a disparada nos papéis reflete a animação do mercado com uma possível mudança na gestão da Gafisa.

“Temos a posição que podemos e acreditamos que o mercado reconhece e entende nosso trabalho”, declarou. Ele contou ainda que a Esh está sendo procurada por investidores pessoas físicas e que a gestora fará uma chamada pública de procuração para representar os pequenos investidores na esperada assembleia.

“O apoio vai vir de quem entende que agimos para criar valor para todos os acionistas, tal e qual fizemos em diversas ocasiões no passado”.

O que diz a Gafisa

Em comunicado ao mercado, a Gafisa afirmou que o seu conselho de administração se reunirá nos próximos dias para analisar o novo pedido de convocação de assembleia e, caso verificado o atendimento aos requisitos legais e regulatórios, dará seguimento à convocação.

A Gafisa lembrou que o mesmo pedido foi negado em assembleia de fevereiro de 2023.

PUBLICIDADE

O que diz Tanure

A assessoria de imprensa de Nelson Tanure enviou uma nota redigida pelo seu advogado, Pablo Naves Testoni. Ele afirma que Tanure “não se surpreende com mais uma Investida” de Timernan e que segue recorrendo ao Poder Judiciário para preservação de sua integridade pessoal e profissional.

A nota cita que o dono da Esh é formalmente investigado em inquéritos policiais que apuram crimes de perseguição e calúnia e tramitam na Justiça. Cita também que Timerman enfrenta uma ação penal pública na Justiça Criminal de São Paulo movida pelo Ministério Público, em razão do crime de perseguição. Nesse processo, Timerman ficou impedido de se manifestar na imprensa ou em qualquer mídia social sobre o Tanure e a Gafisa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.