PUBLICIDADE

Publicidade

Prazo para calote da dívida dos EUA é estendido e Biden diz que acordo ‘está próximo’

Indicação é que lideranças democratas e republicanas vão alcançar um entendimento que permita o governo emitir dívida e evitar o calote que levaria à recessão

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse, na sexta-feira (26), que está “esperançoso” de que um acordo para elevar o teto da dívida do país será alcançado nas próximas horas, evitando assim que a maior economia do mundo fique impossibilitada de honrar seus compromissos e entre em default.

PUBLICIDADE

”Está muito perto e estou otimista”, declarou o presidente a repórteres na Casa Branca. “Estou esperançoso de que esta noite [de sexta-feira] vamos saber se seremos capazes de alcançar um acordo”, assinalou.

Biden ainda acrescentou que espera uma resolução para a crise “antes que o relógio marque meia-noite”.

Este é o indicativo mais forte até agora de que as lideranças republicanas e democratas vão alcançar um entendimento que permita ao governo emitir dívida, obter financiamento e evitar um default que poderia levar a uma recessão e à perda de empregos na medida em que a data-limite se aproxima.

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, acredita que fechamento de um acordo para elevar o teto da dívida está próximo Foto: AP Photo/Susan Walsh

A data-limite foi atualizada pelo Tesouro na sexta-feira (26) para 5 de junho, quando o governo começaria a ficar sem dinheiro. Vislumbra-se em Washington um acordo político que permitiria destravar uma votação no Congresso, que é o responsável por aumentar a capacidade de endividamento do país. Anteriormente, Yellen havia alertado que um default poderia ocorrer já em 1º de junho. A atualização mais recente significa que há um pouco mais de espaço para respirar para que os detalhes finais do acordo sejam elaborados.

”Com base nos últimos dados disponíveis, estimamos agora que o Tesouro não terá recursos suficientes em 5 de junho para satisfazer as obrigações do governo se o Congresso não aumentar ou suspender o teto da dívida”, escreveu a secretária do Tesouro, Janet Yellen, em uma carta ao presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy.

Segundo informações da imprensa americana que não foram confirmadas, o acordo que se perfila permitiria que um episódio similar ao atual não aconteça antes das eleições presidenciais do ano que vem.

Publicidade

Na quinta-feira, McCarthy disse aos jornalistas que os negociadores haviam “feito progressos”, mas acrescentou: “Nada está acordado até que tudo esteja acordado.”

É cada vez maior a pressão por algum tipo de acordo que permita ao governo se endividar mais para enfrentar os compromissos existentes. Nesse sentido, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, pediu que se chegue a uma solução “o mais rápido possível”. ”A experiência nos mostra que é preciso chegar quase no limite para encontrar uma solução”, disse ela em uma entrevista coletiva.

“Terminar com um resultado positivo é primordial de um ponto de vista global”, acrescentou a economista búlgara ao apresentar um relatório que modificou de 1,6% para 1,7% a previsão de crescimento econômico para os Estados Unidos este ano.

Como segunda-feira é o feriado do Memorial Day nos Estados Unidos, membros do Congresso deixaram Washington por dez dias. E, para a consternação dos democratas, o próprio Biden se dirigirá à residência oficial de descanso de Camp David e depois seguirá para sua casa em Delaware.

Mesmo assim, Wally Adeyemo, subsecretário do Tesouro, disse à CNN que tanto Biden como McCarthy estão focados em evitar a catástrofe. ”O presidente decidiu, o ‘speaker’ [presidente da Câmara dos Representantes] disse: temos que conseguir algo antes de junho”, frisou Adeyemo.

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, prevê que Tesouro não terá recursos suficientes a partir de 5 de junho Foto: AP Photo/Shuji Kajiyama

Fazer a economia de refém

Aumentar o teto da dívida é uma manobra contábil que costuma ser aprovada sem grandes controvérsias e permite ao governo seguir tomando dinheiro emprestado para pagar dívidas já contraídas no orçamento.

Na crise atual, a Casa Branca sustenta que a oposição republicana que controla a Câmara dos Representantes quer fazer a economia de refém. Na quinta-feira, o líder da minoria democrata, Hakeem Jeffries, acusou os republicanos de arriscarem “um perigoso default em uma crise que eles mesmos criaram”.

Publicidade

Os economistas estão falando há meses de uma catástrofe econômica caso o governo deixe de pagar as contas. Até mesmo o alto escalão militar deu seu próprio prognóstico na quinta-feira, advertindo que a crise teria um “impacto negativo significativo” nas tropas.

”A preparação claramente seria afetada. Assim, nossos exercícios de grande escala se arasariam ou seriam interrompidos em muitos casos”, disse Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto, aos jornalistas.

McCarthy indicou que os representantes deverão voltar de urgência a Washington se um acordo for fechado, para que possam votá-lo na Câmara. /AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.