O mercado de câmbio deve repetir hoje, pelo menos durante os primeiros negócios, o desempenho de ontem. Na abertura dos negócios, às 9h46, o dólar estava sendo cotado a R$ 3,5700 para a venda com alta de 1,28% em relação ao fechamento de ontem. No entanto, a tendência ao longo do dia é indefinida. No exterior, os C-bond - títulos da dívida externa brasileira mais negociados no exterior - estão em baixa, mas as bolsas operam em alta na expectativa de um corte dos juros do Fed - banco central norte-americano - na reunião de hoje. Operadores não descartam a repetição do comportamento de ontem, quando o dólar subiu na parte da manhã mas recuou à tarde. Caso os exportadores entrem para aproveitar a alta, a pressão poderá ceder. A evolução da conjuntura de curto prazo é considerada positiva. Já era esperado que o dólar mostrasse maior sustentação depois de se aproximar dos R$ 3,50, mas não se descarta uma queda da moeda americana para abaixo desta marca psicológica se o quadro político continuar evoluindo positivamente. Ontem, foi bem recebido o acordo entre PT e PMDB, em que os dois partidos dividem os comandos da Câmara e do Senado. O acordo foi considerado um sinal de que o PMDB poderá aderir formalmente ao governo Lula, embora esta hipótese não tenha sido confirmada ontem. Também foi considerada positiva pelos mercados o avanço ontem do Congresso nas votações nas medidas provisórias. Interessa ao PT "limpar a pauta" de MPs para votar medidas mais importantes para o governo Lula, como o artigo 192, o Orçamento e, a partir do início de 2003, as reformas da Previdência e tributária. Embora o quadro político venha evoluindo positivamente, o mercado ainda aguarda a nomeação dos nomes da equipe econômica de Lula para consolidar um clima de maior otimismo. De qualquer forma, um fator técnico deve trazer pressão novamente ao câmbio na semana que vem: o vencimento de dívida cambial do dia 14.
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