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Professor de Finanças da FGV-SP

Faxina da morte: como preparar as finanças para os últimos momentos

Organizar e reduzir bens antes da morte traz impactos positivos, particularmente nas questões tributárias

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Foto do author Fabio Gallo

Um assunto que muitos evitam é falar sobre a preparação para a morte, como se fosse algo evitável. Quando alguém dentro da família fala que está organizando a sua “vida” para a morte, causa impacto. As reações são variadas, desde algumas piadas, alguns perguntando de qual doença está sofrendo, outros dizendo que a pessoa ainda é nova para pensar nisso e até algumas sugestões de o que deixar para quem – atitude prática, mas nada agradável.

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Pensar em deixar tudo preparado para quando a vida acabar é algo importante e pode fazer com que a sucessão ocorra com mais tranquilidade, evitando gastos e até brigas entre os herdeiros. Várias culturas adotam práticas nessa direção. Uma delas é a tradição sueca conhecida como Faxina Sueca da Morte, ou döstädning, realizada geralmente por pessoas da terceira idade que organizam cuidadosamente os seus pertences, reduzindo o acúmulo de objetos antes de morrer. Esse conceito foi popularizado por Margareta Magnusson no livro A Mágica da Faxina Sueca da Morte, que traz uma abordagem leve e reconfortante para enfrentar a inevitabilidade da morte. Essa prática é sobre viver de maneira mais organizada, desprendida de excessos materiais.

No Japão há uma prática similar, o Danshari, um movimento minimalista, focando na ideia de desapegar do passado e viver no presente, rejeitando o excesso material. Outras culturas também têm práticas voltadas para limpar e simplificar a vida antes do seu final.

Organizar e reduzir bens antes da morte traz impactos positivos, particularmente nas questões tributárias das famílias, pois facilita o processo de inventário, diminui custos e pode evitar disputas. Preparar um planejamento patrimonial é algo essencial. Outra atitude importante é quitar dívidas. Deixar toda a papelada dos bens organizada para quando for ser aberto o inventário e, também, pensar em doações ainda em vida. A organização prévia de como os bens devem ser distribuídos, garantindo que todos os herdeiros estejam cientes, deve evitar disputas que poderiam levar a litígios prolongados.

Faxina da morte pode facilitar a realização do inventário, diminuir custos e evitar disputas Foto: Werther Santana/Estadão

Os planos de previdência privada como PGBL e VGBL são muito úteis. Eles ganharam destaque no Brasil porque recentemente a Câmara de Deputados aprovou alterações na cobrança do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD), o chamado “imposto da herança”. Com a nova regra, a alíquota será progressiva – quanto maior a herança, maior o porcentual aplicado. Vale lembrar a frase de Margareta: “A faxina da morte não é sobre morte, mas sim sobre a vida; e, acima de tudo, sobre tornar a vida mais fácil para seus entes queridos após a sua partida”.

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