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Fracassa plano de anistia a dólares ilegais na Argentina

Por ARIEL PALACIOS , CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

Na segunda-feira termina o "Plano de exteriorização voluntária de divisas", nome que o governo da presidente Cristina Kirchner deu à anistia concedida nos últimos três meses para os dólares não declarados dos argentinos. A lei de anistia, também denominada de "perdão tributário", abriu a possibilidade de que todas as pessoas que pretendiam introduzir divisas não declaradas em espécie (ou por meio de transferências bancárias) evitassem esclarecer a origem dos fundos.O governo tinha a expectativa de que, com a anistia, entrariam no país US$ 4 bilhões não declarados. Mas o perdão tributário para os dólares foi um quase completo fracasso. Desconfiados - ou sem interesse pela anistia -, até a quinta-feira os argentinos somente haviam colocado US$ 223 milhões no sistema. A expectativa era de que outros US$ 15 milhões entrariam até ontem à noite. O objetivo do plano era estimular a legalização dos dólares para aquecer a economia e derrubar a cotação do dólar paralelo. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), os argentinos têm, fora do sistema financeiro (em contas no exterior e dentro de esconderijos domésticos), um total não declarado de US$ 170 bilhões.A oposição criticou a lei, afirmando que transformaria o país em paraíso fiscal temporário, já que os beneficiados não precisaram explicar desde quando possuíam o dinheiro a ser oficializado. A única formalidade foi a de preencher um formulário no qual tiveram de declarar que o dinheiro não provinha de atividades ilícitas. O dinheiro que entrou no país por meio dessa anistia não esteve sujeito a multas ou impostos. Segundo parlamentares da oposição, essa anistia foi "um prêmio aos sonegadores".A anistia consistia na troca dos dólares não declarados pelo Certificado de Depósito para Investimentos (Cedin), que poderá ser trocado por dólares após sua utilização numa operação vinculada à construção civil, imobiliária, compra ou venda de terrenos ou áreas rurais. O outro título dessa anistia foi o Bônus Argentino de Poupança para o Desenvolvimento Econômico (Baade), com validade de três anos e renda anual de 4%.

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