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Instituto Olga Kos define primeira certificadora para selo de responsabilidade social

ONG lançou primeira métrica para avaliar a aplicação do ‘S’ da sigla ESG – que se refere a ações ambientais, sociais e de governança – dentro dos negócios

Foto do author Luis Filipe Santos
Por Luis Filipe Santos
Atualização:

O Instituto Olga Kos definiu a ICV Brasil como a primeira certificadora da Escala Cidadã Olga Kos, métrica criada pela ONG para avaliar a inclusão social dentro das empresas. Com a ideia de avaliar a aplicação do “S” da sigla ESG – que se refere a ações ambientais, sociais e de governança –, o instituto avalia a receptividade a minorias e grupos minorizados, como afrodescendentes, mulheres, comunidade LGBT+ e pessoas com deficiência, dentro das organizações.

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A escolha da ICV Brasil ocorreu durante o primeiro “summit” de discussões sobre o selo Olga Kos. A ICV Brasil foi escolhida após ter sido certificada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e pela Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI).

Segundo o Instituto Olga Kos, enquanto mensurações para questões ambientais e de governança já existiam e são aplicadas por diversas entidades, pouco se falava das questões sociais. A escala se inicia em cinco variáveis: arquitetônica (se o espaço é acessível fisicamente); atitude (se a empresa evita problemas como bullying e discriminação internas); de comunicação (como são superadas barreiras na comunicação interpessoal, escrita e verbal), metodológica (realização de treinamentos e programas de capacitação adequados) e programática (como os valores à cultura de negócios).

A partir das variáveis, são avaliados 20 indicadores e 37 requisitos. A escala contém quatro níveis de inclusão, que vão de latente (quando a inclusão ainda é baixa, podendo melhorar) até plenamente inclusivo (quando o negócio é considerado apto a receber o selo). A intenção da criação desses diferentes níveis foi de incentivar as melhorias indicadas após o processo de avaliação, dando espaço para as companhias evoluírem.

Ponto de partida

A ideia do selo foi desenvolvida pelo Instituto Olga Kos após a realização de pesquisas e contatos com o Inmetro e a OEI. A criação de uma escala cidadã veio após a escolha do foco o “S” do ESG. “Precisamos focar em alguma coisa para a certificação ser validada a nível nacional e internacional. O ambiente de trabalho é onde passamos a maior parte do tempo, temos conquistas, ambições, alegria e tristezas. Se não tivermos responsabilidade social nele, perde-se tudo”, explica Wolf Kos, presidente do instituto.

Olga Kos e Wolf Kos, responsáveis pelo instituto Foto: Divulgação / Instituto Olga Kos

Em conversas com o Inmetro, o instituto se deparou com uma nova dificuldade: como medir aspectos humanos? O Inmetro é mais conhecido por questões técnicas, mas, segundo Marcos Heleno Guerson Júnior, presidente do instituto, acreditou que era possível dar um padrão à escala social. “O desafio era colocar num padrão”, disse Guerson Júnior.

Chefe da divisão de Desenvolvimento de programas de acreditação do Inmetro, Andrea Melo comenta que foi necessária uma mudança de mentalidade interna. “Para qualquer atividade se tornar certificável tem um trabalho por trás. É uma questão de análise, julgamento e decisão se atingiu o previsto na escala”, explica.

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Papel das certificadoras

A avaliação de como as organizações interessadas se encontram na escala é feita por empresas certificadoras, que recebem a qualificação do Inmetro após garantirem imparcialidade, isenção de interesse, competência e conformidade com as normas. De acordo com Suzete Suzuki, a ICV Brasil viu a situação como uma forma de se diferenciar no mercado. “As empresas podem pedir e depois melhorarem as avaliações, em um processo de evolução, e nós fazemos novas checagens”, citou Suzuki.

De forma simplificada, uma empresa deve pedir para ser avaliada pela companhia certificadora, habilitada para tal pelo Inmetro, e que trabalha com base na metodologia desenvolvida pelo Instituto Olga Kos. Caso sinta necessidade, pode também pedir para uma consultoria fazer uma pré-avaliação e, assim, avançar nos aspectos necessários antes da auditoria oficial.

De acordo com Wolf Kos, a previsão é de que o primeiro selo seja concedido em seis meses. Ele disse que diversas companhias dos setores financeiro e ambiental já demonstraram interesse em receber a certificação. “Mais do que a receptividade (do mercado), conseguimos levantar um questionamento dentro de grandes instituições: elas agora se perguntam se são realmente inclusivas ou não”, comemora.

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