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Governo pedirá para TCU reexaminar mudança orçamentária em abono salarial

Alteração na sistemática de pagamento pode ter impacto bilionário nas contas públicas

Foto do author Giordanna Neves
Por Giordanna Neves (Broadcast)

BRASÍLIA – O governo federal vai pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) um novo exame sobre a decisão tomada pela Corte que altera a sistemática orçamentária de pagamento do abono salarial, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

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Em acórdão do dia 27 de março, a Corte avaliou que incluir a dotação orçamentária do benefício apenas no Orçamento de dois anos à frente fere os princípios da legislação. A mudança pode trazer impacto bilionário aos cofres públicos da União.

Em março de 2021, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) alterou a sistemática de pagamento do abono salarial. Antes, uma parte das despesas eram previstas no ano subsequente ao que foi trabalhado pelo beneficiário e a outra, dois anos à frente. Com a mudança, todas as despesas com abono passaram a ser incluídas no orçamento do segundo ano.

De acordo com o TCU, essa nova interpretação permitiu que R$ 7,4 bilhões em despesas obrigatórias fossem suprimidas do Orçamento de 2021, “uma vez que os recursos seriam utilizados para o pagamento de parte do abono salarial referente ao ano-base de 2020, que, após a alteração, será feito integralmente em 2022″.

Sede do TCU; Foto: Dida Sampaio / Estadão

O entendimento dos técnicos da Corte, acompanhado pelos ministros, é no sentido de que as programações orçamentárias previstas para o pagamento do abono salarial estejam integralmente previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA) do ano imediatamente subsequente ao ano-base trabalhado pelo beneficiário, independentemente de serem liquidadas e pagas naquele exercício ou em outros posteriores. O TCU argumenta que os gastos com o benefício são factíveis de serem estimados com antecedência.

A LOA de 2024 reservou R$ 27,8 bilhões para pagamento do abono, referente aos beneficiários que trabalharam no ano de 2022. O acórdão do TCU não especificou, no entanto, como seria o cronograma de ajuste dos gastos com o programa no orçamento. Ou seja, não foi esclarecido se a peça orçamentária deste ano deveria prever os benefícios de 2023 ou se a correção se daria integralmente apenas em 2025.

Na avaliação de integrantes do governo, a decisão do TCU pode ainda ser uma brecha para que o abono salarial seja reformulado, como parte da agenda de revisão de gastos abraçada pelo Ministério do Planejamento - apesar de reconhecerem uma grande resistência à proposta. Há um entendimento entre especialistas de que o programa social é ineficiente e mal focalizado.

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O abono salarial é um benefício anual no valor máximo de um salário mínimo destinado aos trabalhadores que recebem até dois mínimos. É preciso, ainda, que os beneficiários tenham exercido atividade remunerada pelo menos durante 30 dias no ano do pagamento e estejam cadastrados há pelo menos cinco anos no Fundo de Participação PIS-Pasep ou no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).

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