PUBLICIDADE

Publicidade

Indefinição argentina trava negócios de trigo entre Brasil-EUA

Por ROBERTO SAMORA

As importações de trigo norte-americano ou canadense por empresas brasileiras não evoluíram nesta semana, com os moinhos do Brasil ainda esperando uma definição do governo da Argentina sobre a liberação das vendas externas do produto, disseram traders e uma fonte da indústria. As vendas externas do trigo da Argentina, onde o Brasil busca a maior parte do produto importado, continuam suspensas pelo governo do país vizinho, que luta para controlar a inflação e tenta garantir uma oferta interna na entressafra. No entanto, autoridades do parceiro comercial do Mercosul já prometeram por mais de uma vez aos colegas brasileiros a liberação dos registros de exportação, que era esperada para o início desta semana e não se confirmou. Agora, os moinhos do Brasil aguardam o fim da suspensão das vendas para a próxima semana. "Ficou de resolver na terça-feira da semana que vem, mas o pessoal que está em contato com o governo argentino está receoso. O que eles me passam é que o governo está um pouco perdido sobre como operacionalizar isso", afirmou à Reuters por telefone o presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, tradicional cliente dos argentinos. De acordo com o empresário, o governo argentino teme descontentar pequenos produtores, depois dos protestos dos agricultores contra uma alta nos impostos de exportação de grãos. COMPRAS FORA DO MERCOSUL Quando os preços internacionais recuaram um pouco, há algumas semanas, empresas brasileiras foram ao mercado no hemisfério norte, comprando até agora cerca de 300 mil toneladas de trigo, a maior parte com origem norte-americana. E apenas não compraram mais porque muitos ainda tinham expectativa de que os argentinos abririam as exportações --o governo brasileiro estipulou uma cota de 1 milhão de toneladas para importações fora do Mercosul livre da tarifa incidente sobre negócios feitos extra bloco comercial. Mas, mesmo sem a tarifa, conhecida como TEC, os moinhos brasileiros que compram nos EUA ou no Canadá ainda pagam um frete mais caro do que o da rota entre Argentina e Brasil, além de uma outra taxa, a de Marinha Mercante (25 por cento incidente sobre o frete). "Quem é que vai comprar o americano ou canadense sabendo que a qualquer momento terá um trigo mais barato. Por isso protelamos as compras...e estamos quase sem trigo", disse Pih, lembrando que se a Argentina demorar muito mais para liberar as exportações, em um determinado momento, os moinhos brasileiros vão "correr" para o produto dos EUA e isso vai aumentar os preços. Um trader de trigo de São Paulo, que pediu para não ser identificado, é menos otimista com a eventual liberação das exportações argentinas. "Existe a expectativa de que a Argentina abra. Mas cada vez mais um número menor de pessoas acha que a Argentina vai abrir na próxima semana. Começo a pensar que os argentinos estão jogando com o Brasil. Cada vez que compramos o americano, eles falam que vão abrir", afirmou o corretor, que aposta em mais negócios com o grão do hemisfério norte nas próximas semanas. (Edição de Denise Luna)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.