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Linha para comércio com Argentina perto de sair

Governo brasileiro deve assinar na quinta-feira memorando para criação de um crédito de até US$ 2 bilhões para facilitar o comércio bilateral

Por Mauro Zanatta , João Villaverde e BRASÍLIA
Atualização:

O novo ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, marcou ontem data e local para formalizar a criação de uma linha de financiamento ao comércio bilateral Brasil-Argentina. Um memorando de entendimento para dar "conforto" e "liquidez" ao comércio será assinado, segundo ele, na quinta-feira, em reunião paralela ao encontro anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na Costa do Sauipe (BA).

Mas a medida enfrenta dificuldades em sua estruturação financeira, sobretudo na negociação do prazo da quarentena a ser adotada pelo banco central argentino aos dólares que seriam "carimbados" para essas operações.

Pela proposta, antecipada pelo

Estado

em fevereiro, o dinheiro seria "carimbado" para comércio exterior e não poderia ser usado para outros fins. O BC argentino ficaria limitado a usar esses dólares em outros pagamentos ou na composição de reservas cambiais. Esse é o principal nó da negociação.

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"Queremos reduzir o tempo de renovação automática desse crédito e criar um sistema que reduza incertezas. Essa é a grande questão", disse Borges. O Tesouro Nacional e o BNDES estão fora da negociação. O Banco do Brasil entrará "se considerar bom negócio", segundo ele. "O papel dos governos é fazer com que o sistema de empréstimo e de refinanciamento de fato aconteça e encurte os prazos." A linha teria até US$ 2 bilhões, com prazo de três meses e renovação automática.

Inadimplência.

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Outra questão que levanta dúvidas, mesmo em setores do governo brasileiro, é o mecanismo de seguro que obrigaria os bancos centrais de ambos os lados a garantir a inadimplência do país importador ou do banco operador. "Essa linha de crédito é tradicional. Não estamos inventando a roda", afirmou o ministro.

Afetada por uma persistente crise, a Argentina levantou barreiras não tarifárias e prejudicou o fluxo bilateral de comércio. Importadores argentinos correm atrás de escassos dólares para fechar negócios. No primeiro bimestre deste ano, as vendas totais ao vizinho recuaram 12%, para US$ 2,37 bilhões. E as importações da Argentina encolheram 23% no período.

Desde janeiro, os parceiros do Mercosul negociam os termos para reativar as trocas comerciais. Na semana passada, Borges teve, em Buenos Aires, reuniões com os ministros da Economia, Axel Kicillof, da Indústria, Débora Giorgi, e com o presidente do BC local, Juan Fábrega. Antes, uma missão argentina esteve em Brasília para debater uma solução.

O desenho original da linha de crédito também prevê o uso da classificação de risco das empresas nas transações, e não dos países. Isso ajudaria a driblar as restrições enfrentadas pela Argentina no mercado internacional.

/ COLABOROU RENATA VERÍSSIMO

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