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COP-28: Brasil vai participar da Opep+ sem ‘apitar nada’ e sem limite de produção de petróleo

Lula afirmou que a participação brasileira no grupo é importante para convencer países produtores de petróleo a reduzirem a exploração de combustíveis fósseis

Foto do author Paula Ferreira
Por Paula Ferreira e Gabriel Vasconcelos (Broadcast)
Atualização:

ENVIADA A DUBAI e BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado, 2, que o Brasil vai participar do grupo Opep+, mas não vai “apitar nada” nas decisões do bloco formulado pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep). Ele argumentou que a participação brasileira no grupo é importante para convencer países produtores de petróleo a reduzirem a exploração de combustíveis fósseis. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a adesão não vai impor ao País nenhuma cota máxima de produção.

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Lula participou de um encontro com a sociedade civil durante a Cúpula do Clima da ONU, COP-28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Durante a reunião, representantes de organizações não governamentais defenderam postura enfática contra os combustíveis fósseis e cobraram a demarcação de terras indígenas conforme prometido pelo governo.

“Muita gente ficou assustada com a ideia de que o Brasil ia participar da Opep. O Brasil não vai participar da Opep, vai participar da Opep+”, disse o presidente, comparando com sua participação no G7, que reúne as sete democracias mais poderosas do mundo:

“Eu vou lá, escuto, só falo depois que eles tomarem a decisão e venho embora. Não apito nada. A Opep+ eu acho importante a gente participar, porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para reduzirem os combustíveis fósseis”, disse.

Questionada pelo Estadão/Broadcast após as falas do presidente, a assessoria do Ministério de Minas e Energia informou que o governo brasileiro não vai aderir quando houver contingenciamentos na oferta de petróleo por países da Opep+.

Segundo o ministério, a carta de adesão do Brasil à Opep+ não faz nenhuma referência à política de cotas máximas e, portanto, o País não fica vinculado ao mecanismo, válido para os 13 países da Opep, o núcleo da Opep+. Mesmo aí, alguns países estão livres da política de cortes, casos de Venezuela e Irã.

De quinta-feira, 30, para cá, o governo brasileiro busca esclarecer o objetivo da adesão na Opep+. Tanto Lula quanto o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foram enfáticos em dizer que o País vai entrar no grupo com o único objetivo de acelerar os esforços de transição dos outros países membros, cujas economias giram em torno da exportação de petróleo.

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Fonte próxima a Silveira diz que a estratégia do governo brasileiro é entrar na Opep+ para ter acesso aos fundos da organização e direcioná-los para investimentos em transição energética. Essa atuação, diz a fonte, só é possível devido à relevância do Brasil na discussão e no desenvolvimento de biocombustíveis.

“Acabar com os combustíveis fósseis é um desejo”

Lula afirmou ainda na COP-28 que é preciso utilizar o dinheiro gerado pelo lucro do petróleo para desenvolver tecnologias de produção de energias renováveis. Lula argumentou que para obter o objetivo de reduzir os usos de combustíveis fósseis é preciso passar por interesses de vários países e desenvolver alternativas. “Porque se a gente não criar alternativa, a gente não vai poder dizer que vai acabar com os combustíveis fósseis.”

“Acabar com os combustíveis fósseis é um desejo. Chegar lá é uma guerra, uma luta”, afirmou o presidente.

Segundo Lula, o Brasil será o “carro-chefe” da transição energética. Ele afirmou que o Brasil tem feito sua parte e por isso poderá cobrar outros países.

O presidente Cúpula do Clima da ONU, COP-28, em Dubai Foto: Rafiq Maqbool/AP

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Na última sexta-feira, em discurso na sessão de abertura da COP-28, Lula defendeu que os países reduzam sua dependência dos combustíveis fósseis e cobrou países ricos para que financiem medidas de adaptação à mudança do clima nos países em desenvolvimento. O presidente tem cumprido uma intensa agenda na cúpula, com encontros bilaterais e participação em plenárias.

“O balanço geral (do Acordo de Paris) está dizendo que o que foi feito até agora é insuficiente, mas é insuficiente da parte de quem? Precisamos acelerar a parte de quem ainda não está fazendo”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

*A repórter Paula Ferreira viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

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