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Lula volta a criticar Campos Neto e sugere que ele mantém contato ‘com quem o indicou’

Presidente voltou a reclamar do atual patamar da taxa Selic, em 13,25% ao ano; voto de Campos Neto permitiu queda de 0,5 ponto porcentual dos juros na última reunião do Copom

Foto do author Sofia  Aguiar
Foto do author Caio Spechoto
Por Sofia Aguiar (Broadcast) e Caio Spechoto (Broadcast)
Atualização:

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e criticou a falta de diálogo com o presidente da instituição. Chamando-o de “cidadão”, Lula sugeriu que Campos Neto mantém contato com “quem o indicou”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

“O presidente do Banco Central não foi indicado por nós, foi indicado pelo governo anterior e o Banco Central, agora, é autônomo, não tem mais interferência da presidência da República que podia chamá-lo para conversar”, disse o petista. “Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não conversa comigo. Ele deve conversar com quem o indicou e, quem o indicou, não fez coisas boas neste País.”

Desde o início de seu mandato, Lula critica BC Foto: Adriano Machado/Reuters

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As declarações foram feitas durante a cerimônia comemorativa de 18 anos de criação do Programa Agroamigo, nesta sexta-feira, 1º, em Fortaleza, no Ceará. Nas falas, o chefe do Executivo voltou a criticar a taxa básica de juros, a Selic, a 13,25%, após um corte do Comitê de Política Monetária (Copom) no início de agosto. Desde então, Lula ainda não havia comentado sobre a queda da Selic.

“O cidadão precisa saber que ele é presidente do Banco Central do Brasil, e não do Banco Central de um país que não seja o Brasil”, comentou, pedindo queda na taxa básica de juros.

Campos Neto, no entanto, foi o responsável pelo voto de desempate que definiu, na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC), a queda da Selic em 0,5 ponto porcentual, quando a maior parte do mercado apostava em um corte de 0,25 ponto.

Mencionando seu antecessor e principal adversário político, Bolsonaro, o presidente voltou a dizer que “o mandato para quem está no governo passa muito rápido, mas para quem está na oposição esperando, a vaga demora muito”. “O Bolsonaro deve estar coçando as unhas e mordendo porque vai demorar para ele. Vai demorar e, certamente, ele não voltará”, declarou.

Desde que assumiu a presidência da República em janeiro deste ano, Lula vem fazendo consecutivos ataques a Campos Neto por causa do patamar dos juros. Também fez críticas à independência do Banco Central, a qual classificou como “bobagem”. O presidente chegou a fazer pressão no Congresso para rediscutir a autonomia do BC.

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Oferecimento de crédito

Lula disse que o governo precisa encontrar dinheiro para oferecer crédito a quem quer trabalhar e produzir, inclusive quando a demanda pelos empréstimos é maior que o orçamento original dos programas. O presidente também se referiu aos programas Agroamigo e Crediamigo, do Banco do Nordeste. “Os juros estão altos, porque 2,16% ao mês é muita coisa”, declarou. Segundo Lula, “precisamos baixar mais ainda”, mas sem quebrar o banco.

De acordo com o presidente, a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “só têm sentido de existir se for para fazer as coisas diferentes do que fazem os bancos privados”. Em sua avaliação, o BNDES precisa de muito dinheiro, mas não lhe é oferecido a quantidade necessária. “Precisamos de dinheiro para investir a juros baratos”, afirmou.

Na esteira do oferecimento de crédito, o petista disse que os grandes produtores rurais são muito importantes, mas que são os pequenos que produzem mais alimentos.

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