PUBLICIDADE

Publicidade

Malan diz que acordo com FMI está próximo

Pela primeira vez, o ministro da Fazenda disse publicamente em quem votará para presidente: "O mais preparado para a Presidência da República é o ex-ministro, senador José Serra".

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, reafirmou, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, que tem certeza de que o governo chegará a um entendimento ?em breve" com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para um novo acordo neste período de transição. "Este governo não deixará de governar e não se eximirá de suas responsabilidades", disse. Ele negou que um dos entraves para o novo acordo seja a resistência de alguns candidatos à Presidência. "Não estamos pensando em apresentar nenhum tipo de papel a qualquer um dos candidatos para que assinem. A obrigação deste governo é fazer o que parece apropriado ao País e nós o faremos, não nos furtaremos a isso", afirmou. Malan destacou a declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso, ontem, de que um acordo com o Fundo não se faz em 24 ou 48 horas. "As discussões estão em andamento, caminhando bem. Não tenho dúvida que o Brasil tem apoio internacional, que não faltará ao País e que não será expresso apenas em palavras", afirmou. Serra Pela primeira vez, o ministro da Fazenda manifestou seu voto ao candidato tucano José Serra para presidente da República. "Eu não tenho dúvidas em dizer que dentre os candidatos aquele que me parece o mais experiente, o mais preparado para a Presidência da República é o ex-ministro, senador José Serra. Principalmente num momento como este que estamos atravessando, de contexto internacional extremamente turbulento, com as suas implicações domésticas", disse Malan. Para o ministro, Serra adquiriu experiência na área do Executivo, na Câmara e no Senado e nas interações entre o Legislativo e o Executivo. "Portanto é a pessoa na qual eu votarei em seis de outubro", disse Malan, que explicou que não vinha se recusando a manifestar seu voto. O problema, segundo ele, é que o questionavam como ministro. E agora, explicou, estava manifestando seu voto como cidadão. Intervenção Malan disse que não considerou uma ingerência as recentes declarações da vice-diretora do FMI, Anne Krueger, e do secretário do Tesouro norte-americano, Paul O´Neill, sobre a situação da política econômica brasileira e as propostas dos candidatos à Presidência. "Eu não considero que seja ingerência, porque o que está sendo solicitado é que o País mostre compromissos com responsabilidade fiscal, com o controle da inflação, com respeito a contratos. Nós não precisamos, quero crer, de conselhos de ninguém a esse respeito. Nós temos que ser responsáveis fiscalmente, porque acreditamos que é isso que deseja a maioria da população, e acho que temos que respeitar contratos", afirmou. E destacou: "Eu não considero ingerência, já que todos os candidatos têm deixado claro que são favoráveis a isso e se manifestaram claramente, alguns por escrito, a esse respeito. Não está se pedindo nada a mais do que isso, neste momento", disse. Quanto ao uso de recursos financiados, Malan disse que o Brasil já deu demonstrações da seriedade com que vem utilizando esse dinheiro. "Não tenho dúvida de que o apoio ao Brasil estará presente", afirmou. Confiança O ministro reagiu, no entanto, mais uma vez, às declarações do secretário do Tesouro dos EUA que, ao citar as crises na Argentina, Uruguai e Brasil, levantou a suspeita de desvio de dinheiro do auxílio financeiro. "Se eu entendi corretamente o que ele (O´Neill) disse, foi que o apoio (financeiro) depende de políticas confiáveis. O Brasil tem uma política confiável. E se depender do uso apropriado desses recursos, o Brasil tem uma seriedade no uso desses recursos que não está em questão por ninguém". Dívida pública Malan disse ainda que apesar da alta do dólar, a dívida pública "é administrável". "Nós já vimos esse filme outras vezes. Quando o dólar voltar, e voltará em algum momento, essa questão do efeito sobre a dívida também será computada. Portanto, não devemos nos deixar levar de que estaremos cada vez pior. Nós temos todas as condições de lidar com essa situação. A dívida é administrável e nós mostraremos que temos condições de reverter a situação atual". Embora reconheça que a crise mundial está sendo agravada pelos escândalos de fraudes de balanços de grandes empresas mundiais, o ministro da Fazenda disse não ter dúvidas de que "esta fase será superada em algum momento". "Exatamente nestes momentos é que é preciso calma, serenidade e tranqüilidade na definição das respostas de um País e um apoio internacional que não nos faltará", garantiu. Financiamento O ministro disse não acreditar que vão secar no Brasil as fontes de financiamento das empresas multilaterais. "Nós tivemos, temos e continuaremos a ter o apoio dessas organizações", afirmou. Com relação a financiamentos estrangeiros para o setor privado, Malan atribui à dificuldade a problemas transitórios, que, segundo ele, serão resolvidos na medida em que fique claro que o Brasil tem condições de equacionar o problema atual, como a melhoria da situação do balanço de pagamentos "que já vem ocorrendo". Superávit Ele lembrou que o superávit da balança comercial brasileira está em torno de US$ 1 bilhão e que o déficit em conta corrente nos 12 meses terminados em junho deste ano é de mais de US$ 15 bilhões, inferior ao déficit em conta corrente de 1998. "Portanto, está havendo o ajuste da situação brasileira. A dívida externa é perfeitamente administrável e nós vamos superar as dificuldades no momento presente, porque o Brasil é maior do que tudo isso", afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.